18 de Maio: Dia De Combate ao Abuso Sexual Infantil
Dia 18 de Maio é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças, e mobilizações e campanhas são feitas em todo o país.
Publicado 18/05/2011 12:05 | Editado 04/03/2020 17:00
Esta quarta-feira, 18 de maio, é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças. A bandeira vem sendo levantada não apenas pelo poder público, mas também pela sociedade civil organizada.Uma prova disso foi aprovação do Estatuto da Criança e Adolescente, que visa ampará-los. No âmbito municipal, a Câmara Municipal de Teresina realizou uma sessão para refletir sobre o assunto, na última segunda-feira (16).
De acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal, no Piauí foram identificados e mapeados mais de 1.900 pontos propícios à exploração sexual de crianças e adolescentes. Os locais mais comuns são postos de combustíveis, bares e restaurantes.
A pesquisa aponta ainda que, na esfera nacional, a maior gravidade do problema é em Minas Gerais, que tem um quadro realmente crítico, com grande número de menores em situação de risco. Outros Estados também são citados como Pará e no Rio Grande do Norte. O relatório afirma ainda que algumas crianças são obrigadas a viver da exploração como única fonte de renda para suas famílias.
“Essa é uma luta que devemos unir forças e nos empenharmos pela causa. Essas crianças e adolescentes são nosso futuro e precisam ser preservadas por nós. Coloco-me aqui à disposição para qualquer ato referente a esta luta”, falou a vereadora Rosário Bezerra (PT/PI), durante sessão na Câmara.
Na solenidade estiveram presentes representantes do projeto Vira Vida, que consiste na profissionalização de jovens que recebem uma bolsa salário no valor de R$ 500,00 pelo período de oito meses. Desse dinheiro é depositado numa conta poupança R$ 100,00, que pode ser retirado no final do curso para ser usado num empreendimento.
“Esta é uma forma de ajudar essas crianças e adolescentes a terem um futuro digno, com uma profissão. Não é agressor apenas quem violenta uma criança ou adolescente, mas também quem se omite diante do fato”, falou Elisane Melo, assistente social do projeto Vira Vida.
Abuso infantil: 88% dos agressores fazem parte do círculo de convivência
Uma pesquisa realizada no Hospital das Clínicas (HC) da Universidade de São Paulo (USP) revela que o combate e a prevenção de abusos sexuais a crianças precisam ser feitos, principalmente, dentro de casa. Segundo o estudo, quatro de cada dez crianças vítimas de abuso sexual foram agredidas pelo próprio pai e três, pelo padrasto.
Os resultados foram obtidos após a análise de 205 casos de abusos a crianças ocorridos de 2005 a 2009. As vítimas dessas agressões receberam acompanhamento psicológico no HC e tiveram seu perfil analisado pelo Programa de Psiquiatria e Psicologia Forense (Nufor) do hospital.
Segundo Antonio de Pádua Serafim, psicólogo e coordenador da pesquisa sobre as agressões, em 88% dos casos de abuso infantil, o agressor faz parte do círculo de convivência da criança.
O pai (38% dos casos) é o agressor mais comum, seguido do padrasto (29%). O tio (15%) é o terceiro agressor mais comum, antes de algum primo (6%). Os vizinhos são 9% dos agressores e os desconhecidos são a minoria, representando 3% dos casos.
“É gritante o fato de o pai ser o maior agressor. Ele é justamente quem deveria proteger”, afirmou Serafim, sobre os dados da pesquisa, que ainda serão publicados na Revista de Psiquiatria Clínica da Faculdade de Medicina da USP. “As crianças são vítimas dentro de casa.”
A pesquisa coordenada pelo psicólogo mostra também que 63,4% das vítimas de abuso são meninas. Na maioria dos casos, a criança abusada, independentemente do sexo, tem menos de 10 anos de idade.
Para Serafim, até pela pouca idade das vítimas, o monitoramento das mães é fundamental para prevenção dos abusos. Muitas crianças agredidas não denunciam os agressores.
Elas, porém, dão sinais de abusos em seu comportamento, segundo Serafim. Por isso, as mães devem estar atentas às mudanças de humor das crianças. “Uma mudança brusca é a maior sinalização de abuso”, disse.
Disque 100 registra 52 mil denúncias de violência sexual
O serviço telefônico Disque 100, mantido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, registrou, entre 2003 e março de 2011, 52 mil denúncias de violência sexual (abuso e exploração comercial) contra crianças e adolescentes de todo o país. Oito em cada dez vítimas são meninas. O serviço funciona 24h e nos sete dias da semana.
De janeiro a março deste ano, o Disque 100 contabiliza 4.205 registros de violência sexual. No ano passado, foram mais de 12 mil registros. A média diária de denúncias aumentou de 84, em 2010, para 103 nos três primeiros meses de 2011.
Segundo a SDH, o Nordeste é a região de onde veio a maior parte das denúncias (37%). Em seguida vêm o Sudeste (35%), Sul (12%), Norte e Centro-Oeste (8%, cada um). Em termos relativos (denúncia por número de habitantes), o Rio Grande do Norte é o estado com o número de registros no primeiro trimestre de 2011. De janeiro a março, foram 13,29 denúncias para cada 100 mil habitantes.
Fontes: Meio Norte/ Acesse Piauí