Brizola Neto cobra votação do projeto da Comissão da Verdade
O deputado Brizola Neto (PDT-RJ) cobrou a votação do projeto que cria a Comissão da Verdade, enviado pelo ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva ao Congresso no ano passado. “Um projeto necessário para que possamos trazer luz à nossa história e revelar o que ocorreu em nosso País”, disse o parlamentar, lembrando em discurso que “é inadmissível que, mais de duas gerações depois, ainda continuemos a ser o País dos órfãos e dos netos do talvez e do quem sabe.”
Publicado 27/04/2011 14:43
Ele fazia referência ao discurso de 34 anos atrás, do deputado Alencar Furtado, que foi cassado pela ditadura militar “porque desta tribuna disse que este País estava passando a ser o País das viúvas dos talvez e dos quem sabe, referindo-se aos mortos e desaparecidos da ditadura militar.”
Brizola Neto destacou matéria publicada pelo jornal O Globo, na edição de domingo passado, que “revelou um crime bárbaro, um crime político cometido pela repressão da ditadura militar, que nem mesmo a Lei da Anistia poderá proteger, porque foi praticado sete meses depois da promulgação dessa malfadada lei.”
“Nesse crime, quis o acaso que a bomba, preparada para explodir no meio de milhares de jovens que estavam numa comemoração de 1º de maio, explodisse dentro do carro de dois agentes da repressão militar”, lembrou o parlamentar, insistindo na necessidade da aprovação do projeto da Comissão da Verdade.
E foi mais adiante, estendendo o pedido de urgência na votação da matéria à Presidente Dilma Rousseff: “Se esta Casa não é capaz de considerar a urgência necessária que esse projeto e a sociedade pedem, para que se dê luz à nossa história, venho aqui pedir à nossa Presidente Dilma Rousseff para que lhe dê a devida urgência, dê o tratamento de urgência constitucional a esse projeto que vai, sim, revelar a história do País, vai trazer à tona essa ferida provocada pela ditadura militar e, possivelmente, nos livrar de ser o País dos órfãos e dos netos do talvez e do quem sabe, em relação aos mortos e desaparecidos políticos”, concluiu.
O discurso do deputado Brizola Neto provocou a ira do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que pauta seu mandato na defesa dos militares torturadores. Ele respondeu à fala de Brizola Neto, fazendo acusações ao líder político Leonel Brizola.
Brizola Neto voltou à tribuna para rebater as acusações de Bolsonaro, dizendo que “é lamentável que esta Casa ainda abrigue um pensamento antigo, que não tem mais vez dentro de um País que avança, de um País democrático, de um País que, acima de tudo, respeita os direitos humanos”.
De Brasília
Márcia Xavier