Aos 51 anos, Brasília vai além das asas do avião de Lúcio Costa
Ao comemorar 51 anos, a capital federal vai além das duas asas de avião que compõem o projeto inicial do urbanista Lúcio Costa. Se, no papel, a cidade tem como foco o Plano Piloto, na prática, regiões administrativas como Taguatinga, Ceilândia e o Núcleo Bandeirante registram economia forte, população numerosa e contribuem para o retrato de Brasília.
Por Paula Laboissière e Daniella Jinkings, na Agência Brasil
Publicado 21/04/2011 11:47
Para o diretor de Gestão de Informações da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), Júlio Miragaya, o planejamento da capital deveria passar a ser feito com base em uma espécie de região metropolitana – como ocorre em São Paulo e Belo Horizonte.
“O aniversário de 51 anos é do conjunto. O conceito que cada vez mais vai se consolidando é o de Brasília como área metropolitana. E existem motivos de comemoração – a Região Centro-Oeste tem apresentado crescimento acima da média nacional, com PIB [Produto Interno Bruto] 20% superior a média nacional”, concluiu o diretor.
Além das demais regiões administrativas do Distrito Federal, ele acredita que até mesmo o Entorno, formado por cidades goianas, seja incluído no planejamento da capital.
Dados da Codeplan indicam que Brasília, enquanto Plano Piloto, registra 300 mil habitantes. Já o Distrito Federal totaliza 2,6 milhões de moradores. Acrescentada a população de cidades como Santo Antônio do Descoberto (GO) e Luziânia (GO), integradas de forma direta à capital, o total de habitantes passaria para 3,6 milhões.
“A centralidade em Brasília se dá em razão da oportunidade de emprego, do setor público. Isso acaba gerando um destaque muito grande. Boa parte do fluxo viário tem esse desenho – de manhã, direcionado para o Plano Piloto e, no final do dia, saindo do Plano Piloto”, explicou Miragaya.
Segundo ele, todas as regiões administrativas juntas oferecem menos de um terço dos postos de trabalho disponíveis em todo o Distrito Federal. No Riacho Fundo, por exemplo, apenas 26% dos habitantes trabalham onde moram.
Para o professor de geografia da Universidade de Brasília Aldo Paviani, Brasília não seria o que é hoje sem o desenvolvimento das regiões administrativas. “Elas são um complemento importante para todo o mister de capital da República e de metrópole do Centro-Oeste.”
No entanto, ele destaca que apesar de algumas cidades, como Taguatinga e o Núcleo Bandeirante, terem uma economia mais desenvolvida e independente, há outras que só se mantêm por causa do Plano Piloto. "Essas cidades retêm pouca população ativa em suas próprias atividades e daí a dependência enorme em relação ao Plano Piloto, que detém entre 60% e 70% das oportunidades de trabalho de todo o DF."