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Mantega reconhece dificuldades para segurar o câmbio e a inflação

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, que participa da reunião anual do FMI e Banco Mundial nos Estados Unidos, admitiu que o governo está encontrando dificuldades para segurar o câmbio e a inflação. Apesar disto, ele defendeu as medidas adotadas até agora e sugeriu que as coisas estariam piores se nada fosse feito.

"Não é fácil conseguir conter a inflação, o que significa aumentar os juros, e ao mesmo tempo tomar medidas para conter a valorização do real", afirmou o ministro, acrescentando que sem as medidas tomadas pelo governo no câmbio, o dólar poderia estar agora entre R$ 1,35 e R$ 1,40 – na quinta-feira (14), a moeda norte-americana fechou a R$ 1,580.

O câmbio flutua influenciado por uma enxurrada de dólares provenientes do exterior, que resulta na valorização do real. As medidas adotadas pelo governo para controlar o fluxo de capitais, focadas no aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) não foram suficientes para conter a expansão da oferta de dólares no país.

Efeitos contraditórios

O câmbio se entrelaça com a inflação de uma forma contraditória. A queda do dólar reduz os preços das importações. Com isto, ajuda a aliviar as pressões inflacionárias, embora isto ocorra em detrimento da indústria.

Ao mesmo tempo, a depreciação da moeda norte-americana, que não é um problema exclusivamente brasileiro, causa inflação mundial. Além disto, os dólares em excesso que para cá fluem, à caça de lucros fartos e fáceis, na medida em que são convertidos em reais e transformados em reservas com as compras efetuadas pelo Banco Central no mercado cambial, expandem a base monetária e jogam lenha na fogueira da inflação

Enxurrada de dólares

De acordo com informações do o ministro Guido Mantega, somente no primeiro trimestre deste ano ingressaram na economia nacional US$ 30 bilhões em investimentos financeiros e boa parte desses recursos irrigou a oferta de crédito pelos bancos, estimulando a expansão da demanda interna e neutralizando os efeitos das medidas adotadas pelo governo Dilma para esfriar a demanda e segurar os preços.

Adicionalmente, a fartura de dólares também abastece a especulação com commodities no mercado futuro, o que influencia a alta dos preços no presente, segundo o ministro.

Emissões e juros nos EUA

O excesso da oferta de dólares está associada à política monetária expansionista dos Estados Unidos, onde as taxas básicas de juros vão de 0 a 0,25% e o Federal Reserve (FED, banco central do país) já emitiu algo em torno de US$ 2 trilhões a pretexto de contornar.

A solução para o problema não depende só do Brasil e passa pela reforma do sistema monetário internacional e a substituição do dólar como principal moeda mundial. Em sua última reunião, o Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) defendeu mudanças neste sentido, mas não se desenha uma solução para o problema em curto prazo.

O governo tem a alternativa de mudar a política cambial, pondo fim ao câmbio flutuante e impondo controles mais rigorosos sobre o fluxo de capitais estrangeiros, a exemplo do que faz a China. Mas, hoje, não se nota convicção nem vontade política para fazer algo do gênero. O câmbio flutuante ainda é tratado como um dogma pelo governo.

Da Redação, Umberto Martins, com agências