CNI baixa para 3,5% previsão de crescimento do PIB de 2011
Para o PIB da indústria, estimativa recuou para 2,8%, informa entidade, sinalizando forte desaceleração em relação ao ano passado. Taxa de desemprego média deve ficar em 6%.
Publicado 15/04/2011 12:01
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), entidade de representação do empresariado, baixou nesta sexta-feira (15) a sua estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano de 4,5% para 3,5%. Com isso, a previsão recuou para menos da metade da expansão registrada em 2010, que foi de 7,5%.
A expectativa da entidade também está abaixo da previsão dos analistas do mercado financeiro e do Banco Central, que está em 4% para este ano. O Ministério da Fazenda, por sua vez, prevê uma taxa de expansão, até o momento, de 5% para o PIB deste ano.
"A economia brasileira mostra sinais diferenciados na evolução dos setores produtivos nesse início de ano. Enquanto o setor de serviços (que engloba o comércio varejista) continua com maior dinamismo, a indústria de transformação enfrenta dificuldade para crescer. Essa perda de ritmo ocorre desde o segundo semestre de 2010", salientou a CNI, por meio do informe conjuntural.
Taxa de desemprego
Para a taxa de desemprego, a estimativa da CNI, para a média deste ano, foi mantida estável em 6%. "Embora o emprego cresça com menor intensidade, a população economicamente ativa – ou força de trabalho – também cresce menos", avaliou a entidade. Para o fim de 2011, a CNI previu a taxa de desemprego em 5%.
O cenário para o desemprego, conforme a entidade patronal, está baseado na continuação da expansão do emprego em ritmo acima da entrada de novas pessoas no mercado de trabalho.
PIB industrial
Para o PIB industrial, também houve revisão para baixo da previsão, que estava em 4,5%. No documento divulgado nesta sexta-feira (15), a CNI passou a estimar um crescimento de 2,8% para o PIB da indústria – o que representa uma taxa próxima à média dos últimos 10 anos (2,9%), mas sinaliza forte desaceleração em relação a 2010, quando o setor cresceu a uma taxa recorde de 10,1%. No caso da indústria de transformação, a estimativa é de um crescimento menor ainda neste ano, de 2%.
"O cenário traçado pela CNI contempla um ritmo de expansão da atividade econômica mais moderado nos próximos meses, à medida em que o consumo das famílias não deverá manter o comportamento de aceleração da expansão", informou a entidade. O consumo das famílias, de acordo com a entidade, deverá crescer 4,5% neste ano. A previsão anterior, feita no fim do ano passado, era de um crescimento de 5,1%.
Sobre a taxa de investimentos, a previsão da CNI é de uma expansão revista de 13,5% para 9%. Em 2010, houve um crescimento de mais de 20% na chamada "formação bruta de capital fixo".
Efeito do câmbio
Segundo a CNI, a valorização cambial (dólar barato) continua sendo um problema para as empresas brasileiras. "O forte crescimento das importações e a continuidade da pressão competitiva sobre os produtos brasileiros nos mercados externos, e no próprio mercado doméstico, seguem intensas com a continuidade da valorização da moeda brasileira [queda do dólar]", informou.
O governo adotou algumas medidas para conter a depreciação da moeda estadunidense, mas não obteve sucesso. A previsão da CNI para o dólar no fim deste ano recuou de R$ 1,70 para R$ 1,63. A cotação atual rompeu a barreira psicológica dos R$ 1,6 e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já admitiu que está muito difícil segurar o câmbio.
Inflação e juros
A CNI avaliou ainda que o crescimento da inflação, que não se caracterizou como um "problema" até meados de 2010, já compromete o cumprimento da meta central do governo deste ano, que é de 4,5%, com base no IPCA. Pelo sistema de metas, a inflação pode oscilar entre 2,5% e 6,5% sem que o objetivo seja formalmente descumprido. Para o IPCA deste ano, a estimativa da CNI passou de um crescimento de 5% para uma expansão de 6%.
Por conta das pressões inflacionárias, a entidade passou a prever uma subida maior da taxa básica de juros, atualmente em 11,75% ao ano. Em dezembro, a CNI estimava que os juros básicos terminariam este ano em 12% ao ano. Agora em abril, porém, já passou a prever uma taxa de 12,50% ao ano no fim de 2011 – acima dos 12,25% ao ano previstos pelo mercado financeiro.
Contas externas
Para a balança comercial brasileira, a Confederação Nacional da Indústria melhorou bastante sua previsão. Em dezembro, a entidade estimava um superávit de apenas US$ 4 bilhões. No documento divulgado nesta sexta-feira, porém, a previsão subiu para um saldo positivo de US$ 20 bilhões.
De acordo com a Confederação, essa melhora da previsão para o saldo comercial deste ano se deve aos preços das "commodities" (produtos básicos com cotação internacional, como minério de ferro, alimentos e petróleo em bruto).
Para as contas externas, a CNI prevê um déficit na conta de transações correntes em 2011, que deverá avançar para US$ 57 bilhões – valor abaixo dos US$ 70 bilhões estimados no fim do ano passado.
Sobre as contas públicas, a estimativa da entidade é de um superávit primário (economia feita para pagar juros da dívida pública e tentar manter sua trajetória de queda da relação dívida/PIB) some 2,7% do PIB, contra a previsão de 2,2% do PIB feita em dezembro.
Com agências