Programação da Virada Cultural valoriza consagrado e inusitado

Baixe a programação completa e o mapa com as atrações por região, anexos ao final da matéria.

Entre as principais atrações musicais estão Rita Lee, Frejat, Paulinho da Viola e Mart'nália. A música caipira também está contemplada, com apresentações de Almir Sater e Renato Teixeira. O rap terá espaço com a Festa 011, com Kl Jay, Edi Rock e Don Pixote. 

O cinema também tem grande espaço na virada, com mostras especiais como a que homenageia Zé do Caixão. No Cine Dom José, rola a mostra Cine Catástrofe, com filmes, é claro, sobre tragédias. Bandas e astros da música fictícios, inventados especialmente para o cinema, dividirão a atenção do público ao lado da antológica exibição de O Mágico de Oz acompanhado do álbum do Pink Floyd The Dark Side of the Moon.

Dança, teatro, circo, mágica, música clássica, música brega, cover dos Beatles, espaço "nerd", exposições de artes visuais, exposições utilizando novas mídias, poesia, feira de livros, maracatu, contação de histórias, exposição de carros antigos, reggae, artistas novatos e veteranos. A diversidade da Virada se repete, sempre inovando, como a novidade de um espaço para comédia stand-up e algumas atrações mais inusitadas previstas para este ano: ringue de luta-livre e apresetnação de pole dance na rua.

A programação valoriza, ainda, a vocação cosmopolita da megalópole: nomes como Armando Manzanero (México), Macaco (Espanha), Chica Libre (EUA), Steel Pulse (Inglaterra), Voodoo Zumbies (Chile), Jashgawronsky Brothers (Armênia-Itália) e Tohpati Ethnomission (Indonésia) participam da programação, entre dezenas de nomes de diversos países do mundo. 

O metrô e os trens vão funcionar em esquema especial, durante 24 horas interruptas.

Estrutura

Mantendo quase a mesma estrutura do ano passado, a Virada Cultural deste ano promete reforçar a limpeza e o policiamento, afastando um pouco mais os palcos uns dos outros. Reservou R$ 8 milhões para pagar a conta.

A prefeitura vai instalar 4.900 novas lixeiras no centro. Trata-se de o dobro de equipamentos colocados no evento do ano passado. Dessas, 1.300 lixeiras iguais às 1.500 existentes hoje, de plástico, permanecerão instaladas depois da Virada.

Revitalizar o centro

Na avaliação do diretor de programação da Virada Cultural, José Mauro Gnaspini, o centro da cidade deveria passar por melhorias físicas para que se torne atrativo também numa "noite normal". Gnaspini fala da praça Júlio Prestes, onde Rita Lee faz show na tarde de sábado, um "entorno escroto" emoldurando a estação "bonitinha".

"Na hora, está tudo iluminado, multidão na rua, bares abertos", diz Marco Antônio Ramos de Almeida, da Associação Viva o Centro. "Não é que o evento chama a atenção para os problemas dali; acaba chamando a atenção para as virtudes do centro."

Entre as virtudes, a curta distância entre uma praça e outra, no caso, um palco e outro. Segundo Almeida, a Virada detonou a descoberta do centro pela juventude e o que chama de uma "valorização afetiva" desse espaço.

Valorização afetiva

"Está havendo essa reversão, um processo educativo, que faz florescer as virtudes que o centro tinha", diz Ciro Pirondi, da Escola da Cidade. "Essa é a primeira grande ênfase. Depois, é trazer para o centro a revitalização dos antigos edifícios, dar uma vida nova a esses lugares."

Tem a ver, na opinião de arquitetos, com retomar a ideia do centro como ponto de encontro numa cidade que privilegia o automóvel em detrimento do pedestre.

"É um pretexto maravilhoso fazer que as pessoas saiam de cada canto numa data marcada e se encontrem numa mesma esquina", diz Alexandre Delijaicov, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. "Tem o caráter do Anhangabaú como uma bacia de acolhimento, uma sala a céu aberto."

Da redação, Luana Bonone, com agências