Bird alerta: alimento caro pode levar milhões à pobreza extrema
Dados apresentados nesta quinta-feira (14) pelo Banco Mundial (Bird) sugerem que novos aumentos nos preços globais dos alimentos podem colocar milhões de pessoas em situação de pobreza extrema.
Publicado 14/04/2011 17:23
De acordo com o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, os preços dos alimentos já estão 36% mais altos que há um ano e um novo aumento de 10% colocaria mais 10 milhões de pessoas em situação de pobreza extrema (renda menor que US$ 1,25 por dia). Quando a projeção é de alta de 30% nos preços dos alimentos, o número de pessoas afetadas passaria a 34 milhões.
1,2 bilhão na pobreza extrema
Desde junho do ano passado, 44 milhões de pessoas ingressaram na categoria de pobreza extrema, levando o número de indivíduos que se encontram nessa situação em todo o planeta para 1,2 bilhão.
"Mais pessoas podem se tornar pobres por causa dos preços altos e voláteis dos alimentos", alertou Zoellick, em Washington, onde ocorre a partir desta sexta-feira (15) a reunião de primavera do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Segundo Zoellick, os preços altos e voláteis dos alimentos são hoje "a maior ameaça aos pobres ao redor do mundo". Segundo o órgão, as crises recentes em países árabes e muçulmanos do Norte da África e do Oriente Médio contribuíram para a alta nos preços internacionais dos combustíveis e acabaram tendo impacto também no aumento dos preços globais dos alimentos e na estabilidade das nações mais afetadas.
Crise no Oriente Médio
"Os preços dos alimentos não foram a causa das crises no Oriente Médio e no Norte da África, mas são um fator agravante", disse Zoellick, ao afirmar que a inflação dos preços dos alimentos chega a dois dígitos em países como o Egito e a Síria, palcos de revoltas populares recentes.
Entre os produtos que contribuíram para a alta dos preços estão milho (aumento de 74% em um ano), trigo (69%), soja (36%) e açúcar (21%). Os preços do arroz, porém, permaneceram estáveis, segundo um relatório do Banco Mundial.
Estados Unidos
Outros fatores que influenciaram a alta recente dos alimentos são problemas climáticos em países exportadores, restrições a exportações em alguns mercados e baixos estoques globais.
O Banco Mundial cita ainda entre os fatores que influenciaram a alta dos preços o aumento do uso de grãos para a produção de biocombustíveis.
Outra causa relevante, aparentemente despercebida e não citada pelo banco, é a política monetária dos Estados Unidos, que se traduz numa enchente de dólares estadunidenses pelo mundo. Como as commodities são cotadas em dólar e a demanda cresce os preços sobem na medida em que o dólar cai.
Entre as medidas sugeridas para combater o problema está priorizar o uso de grãos para a alimentação, em detrimento de biocombustíveis, quando os preços dos alimentos excederem certos limites. Resta saber o que o governo dos EUA tem a dizer sobre este ponto. A política norte-americana de desviar parte substancial da colheita do milho para a produção do etanol tem sido apontada por muitos críticos como uma das causas da inflação dos alimentos.
Segundo os estudos do banco, os países mais pobres são mais afetados pela inflação dos alimentos do que as nações de maior renda.
Outras medidas que poderiam reduzir esse impacto, diz o Banco Mundial, são direcionar mais programas nutricionais e de assistência social para os mais pobres, remover restrições à exportação de grãos e melhorar a capacidade dos países de lidar com a volatilidade, por meio de instrumentos de mercado financeiro, melhores ferramentas de previsão do tempo e mais investimentos em agricultura.
Com agências