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“Cuba não vai repetir China, nem Vietnã”, diz jornalista cubano

Na semana em que o Congresso do Partido Comunista de Cuba deve aprovar as mudanças na política econômica e trabalhista da ilha, o jornalista Ariel Terrero Escalante explicou que o país realizará o aperfeiçoamento de sua economia interna. “Não vamos promover uma reforma econômica e sim executar projetos de alinhamento que continuarão seguindo os princípios do socialismo”, esclareceu.

Escalante participou, junto a outras forças políticas, de um encontro promovido na noite desta terça-feira (11) no Comitê Central do PCdoB em São Paulo.

Questionado se a ilha tenderia a se aproximar do modelo econômico vigente na China, Escalante foi objetivo: “Os chineses construíram seu próprio modelo sem olhar para ninguém, Cuba também está desenvolvendo suas próprias diretrizes sem olhar para ninguém”. O jornalista explicou ainda que, para promover essa nova orientação econômica no país, é preciso planejar de maneira cautelosa. “Se me perguntassem se Cuba demorou para se atualizar, diria que sim. Mas, não podemos nos precipitar, nem fazer as coisas improvisadas.”

A nova etapa do socialismo da ilha, como definiu o cônsul-geral de Cuba em São Paulo, Lázaro Méndez, será aprovada no dia em que se comemoram os 50 anos da vitória da declaração do caráter socialista da Revolução Cubana.

Para a presidente do Centro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), Socorro Gomes, o significado dessa data se dá, sobretudo, pelo exemplo de libertação contra o imperialismo para todo o continente latinoamericano. “Durante esse período, Cuba sofreu todo tipo de bloqueio, ataques terroristas, golpes, e isso fez com que toda a América Latina tomasse consciência do caráter contra-humanitário do capitalismo estadunidense”, enfatizou.

Durante o encontro, Escalante aproveitou para esclarecer dúvidas e explicar como funcionarão as novas diretrizes do sistema econômico do país. “Percebemos que o Estado cubano havia sido muito paternalista em muitos setores da economia e, agora, precisamos solucionar as consequências desse problema”, afirmou.

Para isso, o Estado cubano quer aumentar a produtividade da ilha e promover a realocação de trabalhadores, com o objetivo de dar um maior retorno à sociedade. “O Estado precisa passar de um estágio em que subsidia todos os setores para oferecer ajuda somente àqueles que realmente necessitam”, enfatizou Escalante.

Para dar sequência aos debates sobre Cuba, o período de mudanças econômicas e a memória dos 50 anos da Batalha na Praia de Girón – quando os cubanos derrotaram o ataque de uma brigada organizada e financiada pelo governo dos Estados Unidos, declarando o caráter socialista da revolução –, o PCdoB, o Cebrapaz e os vereadores Jamil Murad e Netinho de Paula realizarão no próximo dia 25 um ato político no Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo .

De São Paulo,
Fabíola Perez