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Confrontos na Líbia aumentam, após fracassar plano africano

Apoiada por uma noite de pesados bombardeios da Otan, a revolta da Líbia intensificou suas ações armadas, nesta terça (12), para tentar avançar de Ajdabiya a Brega, após ter rejeitado uma iniciativa de mediação da União Africana (UA). A TV estatal da Líbia reportou novos ataques aéreos da Otan em posições civis e militares em Misratah, a terceira maior cidade e cenário da maior revolta na região oeste.

Depois de descrever como "agressores cruzados e coloniais" (uma alusão aos tempos medievais), o canal Al-Jamahiriya disse que os atentados também foram sentidos nas últimas horas em zonas residenciais e do exército no bairro de Al Jufrah (centro) e Ajdabiya (leste).
"Todos os membros da força de segurança, assim como algumas crianças, mulheres e homens, foram martirizados no ataque", dizia a TV.

Ajdabiya é considerada a porta de entrada para o principal reduto rebelde na cidade leste de Benghazi, a segunda da Líbia e sede do opositor Conselho Nacional de Transição (CNT), e foi retomada pelos rebeldes no domingo graças aos mísseis disparados pela Otan.

Um representante do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) descreveu como perturbadora e dramática a situação humanitária dos civis nessa área, e anunciou que seus funcionários foram destacados para lá para entregar hospitais móveis, alimentos e medicamentos.

Da mesma forma, o CICV anunciou que seus socorristas visitaram soldados do governo capturados pelos rebeldes, e vai abrir um escritório no local para trabalhar mantendo sua condição "neutra, imparcial e independente".

Antes do anúncio de que o CICV enviou uma equipe para ajudar civis apanhados pelo conflito, o ministro dos Assuntos Sociais, Ibrahim Zarouk, advertiu que algumas das operações de ajuda têm sido usadas como disfarce para levar suprimentos para a rebelião.

"Se a ajuda humanitária é trazida por organizações especializadas nesse tipo de trabalho, será bem-vinda, mas se ela vem com um rosto militar, não a aceitaremos, isso é basicamente uma declaração de guerra e levaria a um conflito mais amplo", disse Zarouk.

Embora acusem o governo de Muamar Kadafi de sitiar Misratah por seis semanas, os insurgentes que lutam ali avalizaram o rechaço do CNT a um plano de trégua apresentado ontem em Benghazi por uma delegação de presidentes de países da União Africana.

A UA propôs um cessar-fogo, abrir corredores humanitários e um diálogo para promover uma transição que leve em conta a vontade dos líbios, mas a oposição chamou a proposta de "obsoleta" e exigiu a renúncia de Kadafi e sua partida com seus filhos.

"Erro histórico da França"

Saif Al-Islam, filho do líder, afastou a pretensão da CNT e assegurou que "nós queremos sangue novo para o futuro da Líbia, mas falar de saída (de seu pai) é realmente ridículo."

Em uma entrevista a um canal francês, Saif disse que "se o Ocidente deseja democracia, nova Constituição, eleições, nós aceitamos esse ponto, mas deve nos ajudar a criar um clima propício, e os bombardeios e a ajuda aos rebeldes são contraproducentes" .

Segundo Islam, a França, um dos primeiros governos a defender a intervenção militar na Líbia, cometeu um “erro histórico”. “Em meio aos inúmeros projetos em curso na Líbia, [o presidente francês, Nicolas] Sarkozy era o aliado mais próximo da Líbia e, por consequência, não tinha razão alguma para provocar um conflito entre a Líbia e a França. É um erro histórico”, disse.

Islam acusou ainda o governo do Catar de “ter conseguido vender” à França e ao Reino Unido “a ideia de que o regime líbio era um bolo que se podia partilhar, que o petróleo líbio podia ser partilhado”.

Em seguida, Islam acrescentou que “a França não se beneficiará em um euro desta guerra que é feita na Líbia", garantindo que a França perde com esta situação de caos.

Com Prensa Latina