Saúde também está em crise em Salvador (BA)
Representantes do Conselho Municipal de Saúde, sindicatos da área, lideranças de bairros e demais entidades da sociedade civil organizada se reuniram na manhã desta sexta-feira (8/4), na Praça da Piedade, no Centro, para discutir a crise na saúde pública em Salvador. O evento, organizado pela vereadora Aladilce Souza (PCdoB), lançou também a Caravana Saúde e Cidadania, que deve percorrer os principais bairros da cidade para colher as demandas da população.
Publicado 08/04/2011 18:27 | Editado 04/03/2020 16:19
Caótica é um termo que define bem a situação da saúde em Salvador. Com mais de 2,9 milhões de habitantes, a capital baiana não possui um único hospital municipal e depende quase exclusivamente da rede estadual para o atendimento de emergência. A rede de atenção básica também é precária, com 55 unidades básicas de saúde e apenas 30 equipes do Programa de Saúde da Família (PSF), que segundo os profissionais da área, não conseguem atender nem a 10% da população.
"Esta primeira audiência da Caravana foi um sucesso. Passamos a manhã debatendo, a população trazendo suas denúncias, suas propostas. Daqui vamos sair em todos os bairros, recolhendo informações para que a gente melhore de fato a questão do SUS em Salvador. Este ano teremos a Conferência Municipal da Saúde e este é um evento que vai contribuir para se crie um movimento forte e coeso em defesa da saúde, respeito e um atendimento digno e de qualidade ao cidadão de Salvador, conforme preconiza a Constituição”, afirmou a vereadora Aladilce Souza, presidente da Comissão de Direitos do Cidadão e vice-presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal.
A vereadora conclamou toda a população a participar do movimento contra a falta de cobertura do PSF, a precariedade do Samu 192, da rede de saúde mental e do pronto atendimento Salvador, que por não funcionarem bem superlotam os hospitais. “A instabilidade da gestão JH e a desqualificação, em alguns casos, contribuem de forma decisiva para que tenhamos o caos na área de saúde. Já passaram seis secretários pela área de saúde e isto causa uma descontinuidade administrativa e política muito grande e com certeza precariza a área de saúde”, ressaltou Aladilce.
A inexistência da rede de saúde básica também foi apontando pela presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde ( SindSaúde), Tereza Deiró, como o principal problema a ser debatido. “A saúde em Salvador está um caos. Falta saneamento básico, coleta de lixo, prevenção e promoção à saúde. A cobertura do PSF em Salvador hoje é pífia. Enquanto Belo Horizonte (MG) tem 95% de cobertura do PSF, o nosso PSF chegou ao absurdo de decrescer de 17% para menos de 10% de cobertura da atenção básica à população. O percentual que deveria ser destinado á saúde, que seria 15%, não é destinado há anos e o prefeito atual parece ignorar que está governando Salvador”, argumentou Tereza.
“O que nós queremos com esta Caravana é ouvir as demandas da população e trazer o prefeito, o secretário e a Câmara de Vereadores para uma discussão constante, mas com vistas em ações e políticas que venham resolver de uma vez por todas os problemas de saúde da população. Os mais gritantes pelos menos. Tratando por prioridades, fazendo projetos pilotos, mutirões ou iniciativas que venham tratar os problemas da população, conforme os princípios definidos pelos SUS: universalidade e equidade”, concluiu a presidente do Sindisaúde.
De Salvador,
Eliane Costa