PMs suspeitos de executar jovem alegaram "legítima defesa"
Segundo boletim de ocorrência da época do crime, vítima estava em troca de tiros
Publicado 06/04/2011 11:40 | Editado 04/03/2020 17:17
Os policiais militares suspeitos de matar um jovem no cemitério de Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, alegaram “legítima defesa” no boletim de ocorrência registrado pela polícia logo após o crime, em março. Segundo os soldados Ailton Vital da Silva e Filipe Daniel da Silva, Dileone Lacerda de Aquino, de 27 anos, teria sido baleado durante uma troca de tiros com os policiais.
O caso veio à tona após a divulgação do áudio em que uma testemunha ligou para o telefone 190 do Copom (Centro de Operações da Polícia Militar) de São Paulo e narrou em tempo real a execução. A testemunha está sob proteção policial, desde o crime. Durante o telefonema, a mulher deu detalhes do que via. "Olha, eu estou no Cemitério das Palmeiras, em Ferraz de Vasconcelos, e a Polícia Militar acabou de entrar com uma viatura aqui dentro do cemitério, com uma pessoa dentro do carro, tirou essa pessoa do carro e deu um tiro. Eu estou aqui do lado da sepultura do meu pai."
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A mãe de Aquino, Maria de Fátima Lacerda, disse que sempre desconfiou da versão dada inicialmente pela polícia. "Desconfiei porque foram muitas pessoas contando a mesma história e só a versão deles que era diferente."
Local de “desova”
Um morador da região do Cemitério das Palmeiras, em Ferraz de Vasconcelos, disse à reportagem da TV Record que a região é um local de “desova”. O homem, que não quis se identificar, afirmou que é comum ver carros parando na região e jogando corpos. A afirmação foi negada pelo dono do cemitério.
Na terça-feira (5), o Ministério Público de São Paulo pediu a prisão preventiva dos dois policiais. De acordo com o órgão, a denúncia contra eles foi oferecida à Justiça no último dia 21 de março. Os autos do processo, que tramita pela 2ª Vara Judicial de Ferraz de Vasconcelos, foram remetidos na terça-feira para a promotora de Justiça Mariana Aparício de Freitas, que pediu a prisão preventiva.
Os dois PMs foram denunciados pela Promotoria de Justiça do 4º Tribunal do Júri da capital paulista por homicídio duplamente qualificado (por motivo torpe e com recurso que dificultou a defesa da vítima). A dupla trabalhava na 4ª Companhia do 29º Batalhão. No final da terça, o governado Geraldo Alckmin afirmou que os dois PMs serão expulsos da corporação.
Da redação, com informações