Mulher aciona 190 e narra execução policial em tempo real
Uma mulher narrou em tempo real para o telefone 190 um assassinato cometido por dois PMs dentro de um cemitério em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo. O crime ocorreu em plena tarde de um sábado, no dia 12 de março. A vítima havia saído de uma prisão no interior em agosto do ano passado. Os PMs estão presos, respondem a inquérito por suspeita de homicídio e podem ser expulsos da polícia. A mulher está sob proteção.
Publicado 05/04/2011 13:04 | Editado 04/03/2020 17:17
"Olha, eu estou no Cemitério das Palmeiras, em Ferraz de Vasconcelos, e a Polícia Militar acabou de entrar com uma viatura aqui dentro do cemitério, com uma pessoa dentro do carro, tirou essa pessoa do carro e deu um tiro. Eu estou aqui próximo à sepultura do meu pai", disse a mulher ao ligar para o 190.
O policial que atende à ocorrência pede à mulher o prefixo do carro, diz que vai "fazer um alerta" e recomenda à testemunha que faça a denúncia à Corregedoria.
Durante a conversa gravada, a mulher questiona os PMs sobre o assassinato. O policial diz apenas que estava prestando um socorro. Os policiais presos são Ailton Vital da Silva, 18 anos de PM, e Felipe Daniel Silva, na corporação há cinco anos.
Eles disseram que houve "resistência" da vítima e que, depois, prestaram socorro. O caso começou a 1 km do Cemitério das Palmeiras.
Um carro de uma empresa de produtos de beleza foi roubado e, informados pelo rádio da polícia, Vital e Daniel fizeram a abordagem.
O assaltante teria batido em dois carros e, durante a fuga a pé, atirado contra os policiais, que revidaram e o acertaram numa perna.
Segundo o comando da PM, eles passaram pelo cemitério e assassinaram o homem. O assaltante chegou ao hospital já morto, com um tiro na perna e outro no peito.
Relatório da Polícia Civil revelado recentemente na imprensa aponta grupos de extermínio formados por PMs como responsáveis pelo assassinato de 150 pessoas na capital entre 2006 e 2010.
Da redação, com Folha de S.Paulo