Ministro responde preocupação de deputados com eventos esportivos
Programas sociais, como Esporte e Lazer na Cidade e Segundo Tempo; recuperação e construção de infraestrutura esportiva; atenção especial ao futebol; formação de atletas de alto rendimento e preparação dos grandes eventos esportivos, principalmente a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas e Paraolimpíadas de 2016. Esses são os cinco eixos do trabalho que será realizado pelo Ministério do Esporte no período de 2011 a 2014.
Publicado 05/04/2011 18:15
O ministro Orlando Silva apresentou o plano de atividades do Ministério do Esporte para os quatro anos de governo Dilma aos deputados na audiência pública nesta terça-feira (5) na Comissão de Turismo e Desporto da Câmara. Os deputados manifestaram preocupação maior com os preparativos dos dois eventos esportivos. As perguntas ao ministro se concentraram no calendário de obras.
Para o ministro, “o Brasil precisa andar mais rápido para cumprir com os seus compromissos”. Ele também manifestou preocupação com “elefantes brancos” ou grandes obras que não seriam utilizadas após os jogos da Copa. E citou o caso de Cuiabá (MT), que vai reduzir o estádio depois da Copa, e o de Natal (RN), que vai construir estádio com a mínima capacidade exigida pela Fifa.
O ministro destacou a importância dos jogos da Copa do Mundo serem realizados em 12 cidades brasileiras, sem se concentrar no eixo Rio-São Paulo, porque o evento tem o objetivo de induzir o desenvolvimento em outras cidades para reduzir as desigualdades regionais.
Novas medidas
O ministro anunciou que, logo que voltar da China, a presidente Dilma Rousseff vai reunir governadores e prefeitos das 12 cidades-sedes para anunciar as medidas adotadas pelo governo federal, principalmente com relação aos aeroportos, como a renovação da direção e inovações no funcionamento da Infraero e empossar o ministro que vai assumir a aviação civil no Brasil.
Segundo o ministro, a presidente Dilma deve cobrar dos governadores e prefeitos a observância do calendário de obras na área de mobilidade urbana e estádios, destacando que a mobilidade urbana é o legado que os eventos devem deixar para o Brasil. Existem 54 projetos de transporte público nas 12 cidades e 70% deles devem começar este ano.
Na preparação dos estádios, em 10 das 12 cidades, as obras estão em curso. Orlando Silva admite que tem que haver ajustes ao longo do tempo, mas que os problemas têm sido enfrentados a contento. Em São Paulo, que mudou o endereço da Copa, o governo federal deu voto de confiança às promessas do governador e prefeito de São Paulo.
Na avaliação dele, até 2012, prazo para entregar os estádios à Fifa, todos devem estar prontos, lembrando que “os estádios evoluíram bem em 2010; em 2011 devemos evoluir em mobilidade e aeroportos; e em 2012 devemos focar em serviços e segurança”.
Tarefa imediata
Sobre os preparativos para as Olimpíadas e Paraolimpíadas, o ministro disse que a tarefa imediata é implantar a Autoridade Pública Olímpica (APO), o que deve ocorrer ainda este mês. Ele disse que a missão do Comitê Olímpico Internacional (COI) deve vir novamente ao Brasil em abril e é importante que possa ter contato com APO que coordenará os trabalhos de preparação do evento. E adiantou que no final deste ano e começo do próximo devem começar as obras de preparação.
O presidente da Comissão de Turismo e Desporto, deputado Jonas Donizete (PSB-SP), resumiu a preocupação dos deputados dizendo que o setor do esporte está sendo acompanhado com interesse pela população e parlamentares, porque existe interesse comum que os eventos esportivos tenham êxito.
“Teremos atenção especial em todos os pontos que o senhor abordou, mas vamos acompanhar passo a passo os preparativos dos dois grandes eventos esportivos, para que todas as ações aconteçam a seu tempo, porque é importante para o Brasil, em seu projeto de nação, que esses eventos tenham êxito”, afirmou.
Garantia constitucional
O ministro falou também sobre os programas e ações do Ministério para os próximos quatro anos, destacando que o preceito constitucional de garantir esporte ao cidadão norteia as ações de sua pasta, que também se inspira no esforço realizado nos últimos quatro anos pelo mandato do presidente Lula na área do esporte.
Ele disse que o trabalho do Ministério será desenvolvido em cinco eixos. Na área social, existem dois programas – Esporte e Lazer na Cidade e Segundo Tempo. E acrescentou que estão sendo feitas parcerias com outros ministérios, como Saúde e Educação, para ampliar o número de beneficiários e reduzir os custos dos programas.
Na infraestrutra esportiva – outro foco do trabalho do Ministério –, o ministro disse que a inclusão do esporte no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) é muito importante, para superar déficit de infraestrutura no Brasil.
Este ano, já foram selecionadas as primeiras 200 praças esportivas que serão construídas nas periferias das cidades com grande concentração habitacional. Essas praças – ao todo serão construídas 800 até 2014 –, que representam locais de atividades esportivas, recreativas, reuniões e eventos, vão incorporar outros elementos como inclusão digital e cultura.
Ajuda do Parlamento
O terceiro eixo – o esporte de alto rendimento –, que deve se desenvolver concomitante com a preparação da cidade do Rio de Janeiro para as Olimpíadas e Parolimpíadas, exigirá a aplicação das leis aprovadas no Congresso Nacional. O ministro disse que a fase atual é de implantação dessas leis. E destacou, além da transferência de recursos das loterias para entidades de formação de atletas olímpicos, a criação das cidades esportivas como rede básica de treinamento.
“A ideia é que cada cidade adote uma modalidade para fazer trabalho de iniciação e base”, explicou o ministro, destacando que esses Centros Regionais de Alto Rendimento evitam deslocamentos dos atletas para o eixo Rio-São Paulo.
O ministro disse ainda que as mudanças aprovadas na Lei do Bolsa-Atleta, também com ajuda do Parlamento, atendem 3.165 atletas que recebem ajuda para praticar esporte.
O quarto eixo diz respeito ao futebol. O ministro disse que pelas particularidades do Brasil, o futebol merece atenção especial, já tendo adquirido características de negócio. Ele novamente elogiou a atuação do Parlamento na aprovação de leis, com o Estatuto do Torcedor, que representam passos positivos para a modernização do esporte. “São medidas que vão no caminho de melhorar a governança do esporte e aumentar o conforto e a segurança nos estádios brasileiros”, explicou.
De Brasília
Márcia Xavier