Bolsonaro faz injúria a gays para escapar da acusação de racismo
O Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (CNCD/LGBT) — colegiado vinculado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH) — divulgou nota de repúdio às declarações racistas do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). Na segunda-feira (28), em entrevista ao programa CQC, da TV Bandeirantes, o parlamentar afirmou que seus filhos não correm o “risco” de namorar uma mulher negra ou de “virarem gays”.
Publicado 31/03/2011 09:45
Em um quadro do programa humorístico, Bolsonaro foi perguntado sobre qual seria sua reação caso seu filho se apaixonasse por uma negra. O deputado respondeu que não “corria o risco” porque os filhos foram “muito bem-educados” e não viveram “em ambiente de promiscuidade”. Na terça (29), o parlamentar foi à tribuna se defender. Ele disse que se confundiu e achou que a pergunta se referia a homossexuais.
A nota assinada pelo conselho afirma que o deputado se aproveitou “da falta de instrumento legal que criminalize atos homofóbicos” para “se esquivar da acusação de racismo — crime tipificado na legislação brasileira —, agredindo e injuriando novamente a população LGBT”. Segundo o CNCD, a Procuradoria-Geral da República deveria instaurar “investigação criminal para apuração do crime de racismo e injúria e difamação contra a população de mulheres e LGBT”.
“Com tais posições e declarações”, diz a nota, “Bolsonaro reforça a sua faceta homofóbica, racista e sexista, agindo, de forma deliberada, com posturas incompatíveis com o decoro e a ética exigida de um representante da sociedade brasileira no Congresso Nacional, especialmente considerando os princípios da democracia e do respeito à diversidade do povo brasileiro”.
Na quarta (30), a seccional do Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) encaminhou representação à Corregedoria da Câmara dos Deputados para que seja aberto processo contra Bolsonaro por quebra de decoro parlamentar. Durante velório do ex-vice-presidente José Alencar, o parlamentar disse não temer a perda do mandato por causa das declarações.
Da Redação, com informações da Agência Brasil