Chico Lopes presta homenagem aos 89 anos do PCdoB
Em pronunciamento na Câmara dos Deputados, o deputado Chico Lopes homenageou os 89 anos do PCdoB, destacando sua contribuição à luta do povo e ao desenvolvimento do Brasil. Abordou o papel do partido no governo Dilma e as perspectivas da legenda nos próximos anos. “Temos tudo para seguir crescendo, ao mesmo tempo em que cumprimos nosso papel de fortalecer a essência política do governo Dilma, rumo ao efetivo desenvolvimento do Brasil".
Leia abaixo a íntegra do pronunciamento.
Publicado 25/03/2011 18:14 | Editado 04/03/2020 16:32
Senhor Presidente,
Senhoras deputadas e senhores deputados,
Com muita satisfação venho à tribuna neste dia 25 de março, marco histórico do Brasil e, particularmente, do Ceará, onde pioneiramente, em 1884, foi abolida a escravatura, que manchava a sociedade brasileira e envergonhava a nação. Assim sendo, saúdo o jangadeiro Francisco José do Nascimento, o Chico da Matilde, que por sua bravura indômita ficou conhecido como Dragão do Mar, o herói cearense que há 127 anos vetou o desembarque de escravos no Ceará, marcando assim a liberdade para os negros em nosso estado. A data também é um marco de grande significado para os comunistas brasileiros, que há 89 anos fundaram o Partido Comunista do Brasil – PCdoB, a mais longeva organização partidária brasileira.
É sobre os 89 anos do PCdoB e sua contribuição histórica e atual ao desenvolvimento do País que me pronunciarei nesta manhã, senhoras deputadas e senhores deputados. Fundado no seu primeiro Congresso, na cidade de Niterói, o Partido Comunista do Brasil, que na época adotou a sigla PCB, surgiu em meio à intensa ebulição política, social e cultural que vivia o País nos anos 20 do século passado. Desde então, vem trilhando uma trajetória profundamente ligada às mais significativas lutas do povo brasileiro e identificada com as aspirações nacionais. Hoje, já se aproximando do seu centenário, nosso partido é uma força política com expressiva presença no movimento social, na intelectualidade, no parlamento e no Poder Executivo, onde, apesar de recente, tem sido uma experiência rica de iniciativas criativas e de elevada aceitação entre população.
O PCdoB tem imenso orgulho de integrar, desde 1989, a aliança de forças democráticas e progressistas que elegeu o Presidente Lula em 2002 e no ano passado conquistou mais uma vitória, com a possibilidade de fazer avançar as mudanças iniciadas no país há oito anos. Após o Governo Lula, que entrou para a história como um reencontro do povo brasileiro consigo mesmo, com avanços e conquistas na melhor compreensão do papel do Poder Público e na execução de suas tarefas, temos pela frente os horizontes a serem abertos no governo da Presidenta Dilma Rousseff. Uma Presidenta eleita pelo povo como um endosso à importância e à validade desse projeto político, mas também com uma missão de fazer mais que apenas lhe dar continuidade.
O grande desafio do Brasil nos próximos quatro anos é ampliar as conquistas alcançadas, dando sequência ao trabalho de inclusão social e de reforço da real democratização de nosso País. E isso, senhor presidente, senhores deputados, não será possível se não houver a devida compreensão política por parte de todos, quanto aos desafios que se colocam para o País neste momento. Ao longo de quase nove décadas, o PCdoB teve apenas 28 anos de atuação legal, sendo os 26 últimos anos o mais longo período de democracia vivido por nosso país. Em pouco mais de duas décadas o partido tem se expandido por todo o País, com atuação nas várias esferas da luta política, social e de idéias. Este fato revela o inestimável valor da democracia, instrumento fundamental para fazer avançar a luta política.
Quero destacar a contribuição que nosso partido tem a dar à luta política em nosso País, para que possamos seguir no caminho do desenvolvimento, da justiça social, a passos mais largos e velozes. Esse debate é uma preocupação histórica do Partido Comunista do Brasil e ganha ainda mais força neste momento em que o partido, completando 89 anos, se prepara para a comemoração de suas nove décadas – mais que uma data a ser festejada pelos militantes, uma oportunidade de enfatizar a trajetória de colaboração do PCdoB para um Brasil melhor.
E tudo que nosso partido ainda tem a oferecer ao desenvolvimento dessa nação, que sonhamos venha a ser verdadeiramente de todos. Essa nova fase implica avanços na conquista da soberania nacional e na manutenção de uma política externa de independência e altivez. Requer mais democratização da política, da sociedade e dos meios de comunicação, uma das trincheiras da oposição. Precisamos elevar os investimentos sociais e produtivos. Encarar, de uma vez por todas, a necessidade de suprir a deficiência histórica de nosso País em termos de infraestrutura, aproveitando, mas não nos limitando, aos esforços preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Precisamos de desenvolvimento com justiça social e distribuição de renda, bem como de um olhar mais integrado sobre os demais países da América Latina, aos quais, em outra carência histórica, precisamos estar mais integrados. E não há outra forma de avançar, senão pelo embate político, pela luta de ideias, pelo protagonismo político dos movimentos sociais, pela reafirmação desses valores na teia de interesses contraditórios que compõem a base do governo e que se refletem na gestão. Essa diversidade de pensamentos e posições é reforçada pela pressão da mídia conservadora, que tenta impor ao governo uma agenda derrotada pelo povo brasileiro nas últimas eleições.
O avanço das mudanças no País não combina com o corte dos gastos para investimentos, a paralisação de obras importantes, o arrocho salarial dos funcionários públicos e dos trabalhadores como um todo. Essa receita, senhor presidente, limita o necessário desenvolvimento, capaz de gerar bem-estar para o povo trabalhador, com mais empregos e melhor distribuição de renda. Para seguir crescendo a taxas exponenciais, precisamos fugir às armadilhas montadas pela crise sistêmica global e proteger a economia e a moeda nacionais com medidas efetivas, evitando a continuidade da valorização excessiva do Real, e elevando progressivamente a taxa de investimento.
Precisamos de limites para a entrada e a saída de dólares no país, diminuindo o poder do capital especulativo. Precisamos, sobretudo, encarar o desafio de retirar o Brasil da lista de países com as mais altas taxas de juros do planeta. Essa foi uma das maiores bandeiras do PCdoB ao longo do governo Lula e continuará a ser motivo de nossa atenção, nestes quatro anos de governo Dilma. Período em que lutaremos de modo firme pelos ajustes necessários na política macroeconômica brasileira. Contra esse círculo vicioso, propomos um ciclo virtuoso, reforçando as características que vêm impulsionando nosso desenvolvimento nos últimos tempos: ampliação do crédito, reajustes do salário mínimo e ganhos reais para todos os trabalhadores, elevação do consumo das famílias e aumento nos investimentos, investimento de 25% do Produto Interno Bruto, avanço na superação das desigualdades regionais. Em um mundo desestabilizado por uma grande crise capitalista, avançar nesse caminho é contribuir para, cada vez mais, fazer do Brasil um país soberano, democrático, socialmente avançado e solidário. Um acúmulo de forças rumo à construção de uma nação socialista.
A Presidenta Dilma assumiu o compromisso de avançar no caminho do desenvolvimento, da justiça social, da verdadeira democratização. E, para isso, poderá contar com o apoio do PCdoB, que vem nessa batalha desde 1989, quando João Amazonas ajudou o então candidato Luís Inácio Lula da Silva a delimitar o campo político de sua candidatura à Presidência da República. Mas, depois de oito anos de Governo Lula e dos primeiros meses de Governo Dilma, com grandes e significativas vitórias, temos clareza de que os grandes embates políticos para colocar em prática um novo projeto de desenvolvimento nacional ainda estão por vir. O PCdoB renova sua disposição em fazer a diferença, em prol do desenvolvimento e da justiça social, no enfrentamento desses desafios. Temos muito trabalho a fazer, muitas tarefas a cumprir, com necessidade de firmeza política, consciência e discernimento.
O PCdoB vem crescendo de forma continuada e alicerçada na vontade popular, mantendo sua característica de forte presença nas lutas das massas. Temos uma militância consciente e combativa, organizada desde a base e em constante ampliação. Para que possamos dar nossa contribuição nesse debate crucial para o futuro de nosso País, precisamos cada vez mais construir um partido forte. É o que temos feito, com nossa bancada nesta Casa e no Senado, com nossos representantes à frente de prefeituras importantes e participando de administrações estaduais, assim como ampliando e solidificando nossa atuação nas lutas sociais e no debate de ideias.
Temos tudo para seguir crescendo, ao mesmo tempo em que cumprimos nosso papel de fortalecer a essência política do governo Dilma, rumo ao efetivo desenvolvimento do Brasil, à definitiva inserção do País como protagonista no contexto internacional, a novas conquistas para os trabalhadores, a uma sociedade mais justa e consciente. Vamos seguir nesse caminho, senhor presidente, senhores deputados. Temos muito a fazer. Na perspectiva histórica, apenas começamos. Mas com a certeza de estar no caminho certo.
Era o que tinha a dizer.
Muito obrigado.