Alerta: Está sendo desmantelado um núcleo estratégico da Embrapa
O blog Projetos para o Brasil várias vezes se manifestou sobre a importância estratégica da Embrapa. Afirmei que esse é um centro de excelência que deve orgulhar todo brasileiro. Causa espanto que a imprensa venha noticiando meio à sorrelfa que está sendo desmantelado um núcleo estratégico que é o serviço de Gestão Territorial Estratégico (GTE) do Centro de Monitoramento por Satélite (CMS), em Campinas.
Por Walter Sorrentino*, em seu blog
Publicado 17/03/2011 18:42
O Estado de São Paulo publicou há dias três matérias sobre o assunto. Um resumo do caso pode ser visto em http://www.peabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=29045. A atual chefia desse centro, há mais de um ano, deu início a um processo de esvaziamento da equipe do GTE e de seus meios.
Em dezembro passado retirou do site do centro os dados de cerca de 50 projetos e ações de pesquisa, cerca de 100.000 páginas, prejudicando milhares de usuários e clientes. Os dados só voltaram a ser disponibilizados, dois meses depois, graças à intervenção junto ao Ministro Wagner Rossi do deputado Aldo Rebelo, de outros deputados e até mesmo do prefeito de Campinas.
Agora, o chefe do centro, em nome da implantação do um regimento interno, extinguiu a existência da área de Gestão territorial Estratégica – GTE e destituiu seu supervisor, o Dr. Cláudio Spadotto, conhecido e reconhecido por sua competência e seriedade na condução de temas do interesse do estado Brasileiro.
A situação merece um alerta. Não é possível que a Presidência da Embrapa trate assim desse assunto. Travestido de lutas corporativas, o episódio precisa ser esclarecido e tratado como de interesse nacional.
Envolve, melhor vistas as coisas, toda uma concepção e interesses acerca do papel da agricultura brasileira, o agronegócio, a questão ambiental e territorial, o combustível verde. É uma luta política, envolve interesses e concepções.
O ministro da agricultura, Wagner Rossi, avocou a questão, alegando que “não vai haver descontinuidade”. Pelo que noticia a imprensa, ele foi pego de surpresa ou pelo menos está neste momento com uma posição salomônica, mas se propõe a “reinstalar a unidade como núcleo desvinculado do CMS e com mais autonomia”.
Talvez seja fundamental que isso ocorra. Essa autonomia do grupo de Gestão Territorial Estratégica prestaria grandes serviços ao Brasil, ao atender as demandas da sociedade e as urgências do Governo. A defesa da agricultura brasileira, aqui e no exterior, poderá contar com dados, mapas, estudos e inovações que essa equipe sempre produziu, mesmo se ultimamente tinha seu trabalho cerceado pela administração do CMS.
Já é hora de encarar a condição do Brasil como potência agrícola, um dos terrenos mais conflagrados mundialmente pela guerra comercial e que, inclusive, travou os entendimentos da Rodada Doha.
É preciso equacionar a questão agrária e ambiental a partir dessa constatação estratégica da agricultura, equacionando, ao tempo, a gestão territorial e ambiental ligada a esse interesse, e não antagônica a ele. O Brasil precisa se unir em torno dos interesses maiores em sua luta por um lugar afirmativo no mundo.
O grupo de pesquisadores que se tenta desmantelar é da mais alta capacidade. O CMS editou uma maravilhosa edição dos resultados de seu trabalho, que já tem 20 anos, que pode ser adquirida na EMBRAPA. Procurem conhecer esse trabalho em www.cnpm.embrapa.br.
*Walter Sorrentino é secretário de organização do PCdoB.