Ivina Carla- O PCdoB e a legitimidade de disputar eleição em 2012

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Lendo as edições de alguns jornais, lembrei de um trecho do debate com os jornalistas Altamiro Borges e Paulo Henrique Amorim, na Faculdade de Direito da UFC, sobre a importância da internet durante o período eleitoral. Então vou usar esse bom espaço para fomentar esse rico debate. Como era de se esperar, a mídia inicia o processo especulador sobre os prováveis sucessores da Prefeita Luizianne Lins, mas quando se refere a alguns aliados, como o PCdoB, busca usar o tom da rivalidade, tentando acirrar os ânimos que, a meu ver, não correspondem ao sentimento do campo progressista.

Se for partir de uma avaliação sobre a situação de Fortaleza hoje, é claro e notório identificar vários problemas de ordem estrutural, faltando um pouco de maturidade da própria gestão na solução das demandas, mas isso não é um demérito ou pura e simples responsabilidade da Prefeita, a quem a imprensa adora ultimamente apresentar como "joaninha". O quase caos é para além da gestão, é sistêmico. Essas mazelas sociais orquestradas pela mídia não podem ser somente atribuídas à falta de maleabilidade ou pulso gestor. Claro que é patente a percepção de alguns avanços (poucos por sinal), mas se voltarmos na Fortaleza anterior à 2004, é possível fazer uma comparação mínima, e identifico que a equipe que conduz atualmente a gestão teve maior inferência dentro do campo social, na tentativa de inovar a participação política e trabalhar com a inclusão social, do que reforçar a infraestrutura da cidade, o que tem deixado a desejar e as críticas sofridas pela Prefeitura são quase todas com relação às obras.

Unindo um esforço pequeno, posso, como usuária dos serviços públicos, destacar que a cidade cresceu e não houve um acompanhamento real nas políticas públicas para resolver a demanda. Exemplo disso é o transporte público. Do que adianta tarifa social, integração temporal, hora social, se não houver uma pressão para que os empresários aumentem as frotas de ônibus? Não preciso ser economista pra saber que a demanda aumentou e a oferta despencou, porque dentro da lógica do sistema capitalista, os donos dos veículos coletivos visam o lucro, então o povo pode circular em latas de sardinha, porque o valor é acessível para um transporte de má qualidade, sem a necessidade de melhorar os ônibus. Corroborar com isso é pura falta de sensibilidade, traquejo e disposição política.

Eu entendo que estamos no guarda-chuva da sociedade burguesa e que todos os aparatos servem para manter o bem estar da elite dominante, mas as nossas práticas devem ter tendência uma acumulação de forças para modificar a estrutura vigente. Por exemplo: não reforçar os serviços públicos é contribuir para a proliferação da iniciativa privada, logo para uma gestão de caráter popular não entender isso é renegar o Estado em disputa. Relembro com muita clareza o projeto do PCdoB para a cidade, que foi formulado por uma ampla participação popular, com a colaboração de estudantes, intelectuais, trabalhadores e gestores. Pouco desse projeto foi aproveitado pela atual gestão, mesmo assim não vou ficar amargando seu abandono, mas acho que temos uma grande chance de aperfeiçoar e materializar o que tanto almejamos para a cidade e buscamos de uma certa forma fazer isso, quando inflamamos propostas nas assembleias do Orçamento Participativo e em outros espaços abertos para a participação social.

Voltando para o debate eleitoral, destaco a infeliz leitura apresentada pelos meios de comunicação sobre as eventuais candidaturas em 2012, em não abordar outros aspectos na discussão, ou seja, não colocam no centro da disputa as ideias ou como os outros partidos pensam Fortaleza. Muito pelo contrário do que se poderia imaginar, o tom é outro e gira em torno da bandeira "Vai lançar candidato, então abandona o barco". Penso eu, dentro da minha humilde contribuição, que é honesto e sábio para as forças principais do campo político compreender que alimentar esse discurso ou ficar inflamando com mais a mesma palavras da mídia, a base aliada que contribui para o crescimento da cidade não é saudável. O que nós não podemos permitir é que a imprensa busque de todas as formas fragmentar erroneamente o campo progressista.

Um partido, seja qualquer um, não faz uma gestão sozinho e as alianças são fundamentais para a elaboração de um pensamento sobre a cidade, com a finalidade de se construir um bom diálogo, trazendo frutos positivos para toda a população. Não podemos fechar os olhos para o leque de lideranças que pensam o melhor para o nosso povo e são capacitadas para assumir esse cargo maior. Nesse mar de postulações eu destaco o meu Partido, no qual bem conheço, o PCdoB que ao longo da sua história faz o debate sobre o direito à cidade, se relaciona bem com seus aliados e demais forças e tem todas as qualidades para liderar Fortaleza. As contribuições do PCdoB foram e são dados à gestão da Prefeita Luizianne Lins, sempre em clima de muito respeito e responsabilidade. O próprio PT tem noção da capacidade comunista de governar e da sua legimitidade para isso. Então o que deve ficar explícito é que o PCdoB não faz parte do jogo da fragmentação que a mídia tentar propagandear e sim de um Partido que se coloca na disputa porque tem nome fincado nas lutas populares, história e um projeto político para a cidade.


Ivina Carla é estudante de Jornalismo da Faculdades Cearenses e integra a Comissão Estadual de Comunicação do PCdoB/CE

Fonte: Blog Socializando Ideias

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