BC vê cenário de incerteza e acena com juros ainda mais altos
Divulgada nesta quinta-feira (10), a ata da reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), avalia que o “cenário prospectivo para a inflação não evoluiu favoravelmente”, sinalizando com novas rodadas de aumento dos juros.
Publicado 10/03/2011 14:37
O Banco Central identifica no cenário econômico brasileiro atual riscos elevados para a convergência "tempestiva" da inflação para o centro da meta, de 4,5%. De acordo com a instituição, prevalece um nível de incerteza "acima do usual" e o cenário de inflação não evoluiu favoravelmente.
Influência “ambígua”
É o que alerta a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), quando a taxa Selic subiu 0,50 ponto porcentual, de 11,25% para 11,75% ao ano. No documento, divulgado na manhã de hoje, os diretores do BC advertem que há influência "ambígua" do cenário internacional sobre o comportamento da inflação doméstica.
"Desde a última reunião, no âmbito externo, fatores de estímulo e seus reflexos sobre preços de ativos apontam menor probabilidade de reversão do processo de recuperação em que se encontram as economias do G3", destaca a ata.
No front interno, os integrantes do Copom avaliam que as medidas macroprudencias recentemente implementadas e ações convencionais de política monetária ainda terão seus efeitos incorporados à dinâmica dos preços. Para o BC, as medidas macroprudenciais são um instrumento "rápido e potente" para conter pressões localizadas de demanda.
Redistribuição da renda
"Embora as incertezas que cercam o cenário global e, em menor escala, o doméstico, não permitam identificar com clareza o grau de perenidade de pressões recentes, o Comitê avalia que o cenário prospectivo para a inflação não evoluiu favoravelmente", avalia o Copom.
Nesse novo ciclo da alta dos juros, o BC já subiu a taxa Selic em um ponto porcentual – 0,50 ponto porcentual em janeiro e o restante agora, na reunião da semana passada. Isto significa um gasto adicional com juros superior a R$ 10 bilhões. Para pagar a fatura o governo terá de cortar gastos com funcionalismo e serviços essenciais.
Dois momentos
O Banco Central afirma que a inflação acumulada em 12 meses até o terceiro trimestre deste ano tende a permanecer em patamares similares ou mesmo superiores ao atual. Mas, a partir do quarto trimestre, o BC avalia que a tendência da inflação em 12 meses é declinante, na direção da trajetória de metas. Esses são os dois momentos distintos para a trajetória de inflação previstos pelo BC.
Na avaliação do banco, a inflação alta em 12 meses é explicada, em parte, pela elevada inércia trazida de 2010 e pelo fato de as projeções, contrastando com o observado em 2010, apontarem taxas de inflação próximas ao padrão histórico no trimestre de junho a agosto de 2011.
Alimentos
Na ata, os diretores do BC insistem na avaliação de que o cenário prospectivo para a inflação não evoluiu favoravelmente desde sua última reunião. "No último trimestre de 2010 e no início deste ano, a inflação foi forte e negativamente influenciada pela dinâmica dos preços de alimentos, em parte, reflexo de choques de oferta domésticos e externos", destaca o documento.
Para o Copom, as evidências sugerem que os preços ao consumidor já incorporaram parcela substancial dos efeitos desses choques, aos quais se somaram efeitos sazonais característicos da inflação no primeiro bimestre.
O Copom também considera relevantes os efeitos localizados decorrentes da concentração atípica de reajustes de preços administrados ocorrida no primeiro bimestre deste ano. Para o ano todo, no entanto, a avaliação do BC é que o comportamento desses itens tende a ser relativamente benigno. O Copom pondera que esses efeitos ainda deverão impactar a dinâmica dos preços ao consumidor, entre outros mecanismos, por meio da inércia.
Com agências