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29 dos 34 parlamentares do PSB apoiam união com Kassab

A maioria dos deputados e senadores do PSB apoia a fusão do partido com a nova sigla que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, planeja criar para sair do DEM e trocar de partido sem ser punido pela Justiça Eleitoral.

A Folha ouviu 32 dos 34 congressistas da sigla, e 29 deles defenderam a formalização da união rapidamente ou manifestaram simpatia pela ideia. Apenas três se disseram contrários.

O principal argumento dos que são favoráveis à fusão é que a manobra fortalecerá o PSB e dará mais condições para que o presidente nacional da sigla, o governador Eduardo Campos (PE), amplie sua influência na coalizão que sustenta o governo Dilma Rousseff (PT).

“É muito importante a vinda dele [Kassab]. A gente vai se estruturar mais na região Sudeste”, afirma o deputado Gonzaga Patriota (PE). “Nenhum partido sobrevive sem ambição de poder”, diz Ribamar Alves (MA).

Dos 29 favoráveis à fusão, 21 defendem abertamente a ida de Kassab para o PSB. Outros 8 congressistas dizem estar em “dúvida”, mas demonstram simpatia pelo demista. “O que posso dizer é que um prefeito da cidade do porte de São Paulo amplia qualquer partido”, diz a senadora Lídice da Mata (BA).

Identidade

A falta de identidade entre Kassab, hoje num partido conservador, e o PSB, um partido fundado com ideais socialistas, é a principal preocupação dos três deputados contrários à fusão.

A ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina ameaça, inclusive, deixar o partido caso a ideia se concretize.

“Pela incompatibilidade, incoerência que isso representaria. Eu seria uma estranha no ninho”, declara.

Erundina ressalva que nem foi procurada por Campos e diz também que nem sempre o crescimento do partido é positivo. “Cresce, mas cresce inchando. O inchaço é doença, e doença mata.”

Favorável à ida do prefeito para o PSB, o senador Rodrigo Rollemberg (DF) minimiza a diferença entre as bandeiras partidárias.

“Os eleitores do Brasil hoje são de centro. O importante é se o político é bom administrador, não se o partido é de direita ou de esquerda”, afirma Rollemberg.

Para o deputado Dr. Ubiali (SP), “não existem mais partidos de esquerda ou de direita” no Brasil.

Além de Erundina, os deputados contrários são Ariosto Holanda (CE), que classifica o atual cenário político como uma “geleia geral”, e Gabriel Chalita (SP), que tem ambições de disputar um cargo no Executivo em São Paulo e não vê lugar para seu projeto ao lado de Kassab.

Defensor do prefeito, o deputado Ribamar Alves (MA) afirma que “a ambição pessoal não pode estar acima da ambição partidária”.

Estratégia

A possibilidade de criar um novo partido para depois se fundir com o PSB foi articulada por Kassab como forma de driblar a regra da fidelidade partidária. Apenas mudando de legenda ele poderia perder o seu mandato.

“Se isso for uma burla, não será a primeira”, afirma Abelardo Camarinha (SP), que defende Kassab no PSB.

Já Erundina pensa diferente: “Porque a lei assegura que alguém possa sair do seu partido para ir para um novo partido se esse partido fosse realmente pra valer”.

Kassab deve deixar o DEM até o dia 30 de março.

Um dos nomes avaliados para o novo partido é PDB (Partido da Democracia Brasileira). A intenção é ganhar um palanque para se candidatar ao governo do Estado em 2014.

Outros nomes, como o vice de Geraldo Alckmin (PSDB) no governo de SP, Guilherme Afif Domingos (DEM), devem segui-lo na nova legenda.

Fonte: Folha de S. Paulo