Senado: Cearense Ruth Cavalcante receberá prêmio Bertha Lutz
A cearense Maria Ruth Barreto Cavalcante, psicopedagoga, é uma das cinco mulheres escolhidas para receber o Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz, prêmio instituído pelo Senado Federal para agraciar mulheres que tenham oferecido relevante contribuição na defesa dos direitos da mulher e questões do gênero no país. As outras quatro mulheres escolhidas entre as 14 que concorreram à edição 2010 do prêmio são: Maria Liége, Chloris Casagrande, Maria José Silva, e Carmen Helena Foro.
Publicado 01/03/2011 10:43 | Editado 04/03/2020 16:32
Ruth Cavalcante foi indicada para receber o prêmio pelo Centro Socorro Abreu de Desenvolvimento Popular e Apoio a Mulher e pela União da Juventude Socialista-Ceará – UJS. A escolha aconteceu em dezembro de 2010, com a participação do senador Inácio Arruda, que é membro titular do Conselho do Diploma Bertha Lutz. A solenidade de premiação será realizada no Plenário do Senado nesta terça-feira (01), as 10h, durante as comemorações ao Dia Internacional da Mulher.
De acordo com a agraciada, o Diploma Bertha Lutz, “é mais do que uma homenagem. É um reconhecimento não meu. Eu sou apenas uma representante da mulher. É um reconhecimento do espaço que a mulher tem hoje, de Brasil. Não sou eu, não é a minha história individual. Não é a Ruth, é o que eu represento como mulher”, justificou ela.
Ainda sobre o prêmio Bertha Lutz, Ruth acrescenta que é “muito simbólico” recebê-lo no momento em que o País elege a primeira presidente. “Isso só me estimula a continuar na construção de um País mais justo e na criação de oportunidades para homens e mulheres, excluídos de seus direitos”, destacou. A neta, de seis anos, perguntou à Ruth se, um dia, ela ganharia também esse prêmio. “E eu disse: ‘Com toda certeza, você vai ganhar esse prêmio, porque você vai ter essa visão que a vovó teve. Você vai estar do lado de quem precisa. É isso que eu espero de você. Por isso, você vai ganhar esse prêmio’”, contou Ruth.
Ruth Cavalcante
A psicopedagoga Maria Ruth Barreto Cavalcante nasceu no município de Pedra Branca, no Ceará, em 16 de abril de 1943, sendo um exemplo de garra e coragem na luta por uma sociedade mais justa, solidária e democrática. Ruth foi indicada ao prêmio pela sua longa lista de serviços prestados à educação, que transcende às formas convencionais. Buscou desenvolver seu trabalho numa perspectiva libertadora e voltada para as classes mais necessitadas. Mesmo perseguida pela ditadura (foi a primeira presa política do Estado), continuou sua atividade onde lhe era possível fazer valer a sua convicção de que a educação era o caminho para a libertação do povo brasileiro.
Segundo o documento apresentado pelo Centro Socorro Abreu, “Ruth fez uma escolha, de lutar ao lado do povo; sua história se confunde com nossa história; sua vida é o seu trabalho e o amor que imprime em tudo que faz. Foi por amor à educação e à emancipação de nossa gente que transformou o que estava ao seu lado; em sua casa, com suas filhas e filho; e fora de casa, com o mundo, num exercício contínuo de luta, superação e liberdade. Ruth é do Ceará e do mundo! Ruth é de seus filhos e filhas biológicas e dos milhares que ela alfabetizou, orientou, cuidou, amou! Ruth da sala de aula, dos grupos populares; da ciência e da política; Ruth de sonhos e de lutas e de quantas lutas!!!”
As outras homenageadas
Baiana, Maria Liége é militante feminista desde a década de 70 e atualmente participa da Federação Democrática Internacional de Mulheres. A paranaense Chloris Casagrande é pedagoga e ex-membro do Conselho de Educação do Estado do Paraná. Autora de várias publicações, Chloris atualmente é presidente da Academia Paranaense de Letras. Maria José da Silva é piauiense e trabalha com coleta seletiva, incentivando as cooperativas formadas por mulheres catadoras de materiais recicláveis. Carmen Helena Foro é natural do Pará e trabalha como coordenadora de movimentos sindicais. Atualmente é secretária da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).
Bertha Lutz
O Diploma Bertha Lutz foi instituído pela Mesa do Senado em 2001. Bertha Maria Júlia Lutz, que dá nome ao prêmio, nasceu em São Paulo no dia 2 de agosto de 1894. Ela era filha da enfermeira inglesa Amy Fowler e do médico Adolfo Lutz. Tornou-se líder na luta pelos direitos políticos das mulheres brasileiras por ter sido a responsável pela aprovação da legislação que lhes permitiu votar e serem votadas nos cargos eletivos.
Fonte: Assessoria do Senador Inácio Arruda (com informações do Jornal O Povo)