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Um mês após tragédia, mortes na região serrana chegam a 894

O número de mortos identificados na região serrana do Rio de Janeiro em consequência da catástrofe provocada pela chuva no mês passado é de 894 pessoas, de acordo com o último balanço da Polícia Civil do Rio, divulgado neste sábado (12), quando a tragédia completa um mês. Nova Friburgo tem o maior número, com 424 óbitos, seguida de Teresópolis (373), Petrópolis (71), Sumidouro (21), São José do Vale do Rio Preto (quatro) e Bom Jardim, onde uma pessoa morreu.

O número de desaparecidos na região chega a 408, segundo balanço divulgado ontem (11), pelo Programa de Identificação de Vítimas (PIV) do Ministério Público do Rio de Janeiro. O município de Teresópolis lidera a lista de desaparecidos, com 223 nomes, seguido de Nova Friburgo (85), Petrópolis (56) e Sumidouro (dois). Em São José do Vale do Rio Preto e em Bom Jardim não há desaparecidos.

Traumas

Moradores das cidades castigadas ainda lamentam as perdas e dizem não acreditar nas dimensões da destruição.

No Vale do Cuiabá, em Itaipava, distrito de Petrópolis, os sinais das inundações e deslizamentos de terra ainda estão por toda a parte. Ao longo da Rodovia BR-495, que corta diversos bairros da região, tratores e caminhões trabalham para remover os montes de barro que foram arrastados pelas enxurradas. Alguns operários utilizam máscaras para se proteger da poeira. Árvores arrancadas, automóveis totalmente danificados e alguns móveis e eletrodomésticos cobertos pela lama ainda são vistos em algumas áreas.

Muitas casas ainda guardam as marcas da água, que derrubou paredes, destruiu muros, arrastou carros e provocou a morte de centenas de pessoas.

O caseiro José Henrique Moreira, de 71 anos, disse que não consegue esquecer a noite em que sua casa, próxima ao Rio Cuiabá, que transbordou com as chuvas, veio abaixo. Ele contou que só se salvou porque o neto, que morava com ele, acordou de madrugada para trabalhar e viu o que estava acontecendo. Antes que a força da água derrubasse o imóvel onde viveu por 30 anos, eles conseguiram sair, pela janela, e fugir para a casa do patrão, que não foi atingida porque fica na parte alta do terreno.

“Nunca vi uma coisa assim na minha vida. É muito triste e a gente não consegue esquecer. Tudo passa como se fosse um filme de terror pela cabeça”, disse ele, que foi encontrado pela reportagem da Agência Brasil lamentando a tragédia no terreno vazio e barrento onde antes ficava sua casa.

Do outro lado da rua, alguns imóveis, embora bastante danificados, ainda estão de pé. Pelas paredes é possível ver a que altura a água chegou: a cerca de dois palmos do teto. Em uma delas, conforme o caseiro contou, um casal conseguiu sobreviver flutuando em um colchão.

“Eles disseram que ficaram desesperados porque só viam a água subir e não sabiam até quando conseguiriam ficar em cima do colchão”, Lembrou emocionado.

Em outra localidade, conhecida como Buraco do Sapo, também às margens da BR-495, muitas casas foram inundadas. O aposentado Dirceu de Sá, de 75 anos, disse que nunca vai esquecer as cenas que viu.

“Sou nascido e criado aqui e nunca pensei em passar por isso. É muita destruição. Tem lugar que a gente nem sabe mais como era antes. A gente olha e só vê lama, terra. Isso aqui acabou tudo. Vai ser difícil esquecer.”

Fonte: Agência Brasil