Serra busca espaço e sugere trégua aos adversários internos
O candidato derrotado à presidência José Serra está hoje em Brasília para uma maratona de conversas com o PSDB. Depois de participar, nesta manhã, da homenagem ao senador Eliseu Resende (DEM-MG), morto no último dia 2 de fevereiro, Serra participou de reunião a bancada do partido na Câmara.
Publicado 09/02/2011 15:29
Em uma indireta aos colegas de partido, Serra defendeu a criação de um 11º mandamento: "tucano não fala mal de tucano". A pedido dele, a reunião aconteceu a portas abertas. No encerramento, ele reforçou a ideia de que o partido precisa se unir. "Não atacarás o companheiro de partido para não servires ao adversário".
Após a reunião, em entrevista coletiva, Serra explicou a frase. "É importante que a gente seja uma bancada vibrante, unida neste lugar. É normal disputa de cargo, disputa política, questões pessoais. Agora o importante é que haja unidade. Para quem segue os 10 mandamentos, nós deveríamos ter um 11º. Tucano não fala mal de tucano, porque isso é servir o adversário"
Ele disse, ainda, que o PSDB tem o dever de fazer oposição. "Aqui não é um jogo de tudo ou nada. Perdeu a eleição, quem ganha leva tudo. Não leva, não. Porque as pessoas continuam e querem se fazer representadas". Serra se colocou à disposição para "ajudar" e para "servir ao Brasil e ao partido".
À tarde, Serra almoça com senadores do partido. O senador mineiro Aécio Neves confirmou sua presença no encontro. O ex-governador de Minas chegou a cancelar um almoço com jornalistas do Correio Braziliense que havia marcado para poder comparecer ao evento e evitar constrangimento.
Sem cargo público, o ex-candidato aproveita a passagem pela capital federal para defender sua proposta de campanha de um salário mínimo de R$ 600. Ontem, o senador Itamar Franco (MG) sugeriu que Serra fosse convidado para falar na Casa sobre o assunto.
Deputado ligado a Aécio critica fala de Serra
Aliado político do senador Aécio Neves, o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) criticou Serra logo após a reunião da bancada da Câmara em que o paulista defendeu unidade no partido.
Sávio reclamou que não pôde falar após o discurso de Serra. "Queria fazer uma réplica. Ele fez uma ironia ao dizer que tucano tem vocação para segundo marido. Absurdo. Pede para a gente não falar mal e acaba falando mal de tucano", disse o deputado mineiro. "Até concordo que o Serra venha aqui, mas já teve muitas oportunidades. Nós queremos falar também".
O deputado mineiro afirmou ainda que Serra deveria ter esperado fala dos congressistas tucanos que haviam se inscrito para falar sobre assuntos da bancada. “Ele é convidado. Tem de esperar”, disse Sávio. O deputado Otávio Leite (PSDB-RJ) saiu em defesa do paulista. “A reunião foi boa. Serra precisa do seu espaço no partido”, afirmou.
A ida de Serra a Brasília ocorre duas semanas após a produção de um abaixo-assinado favorável à recondução de Sérgio Guerra, deputado federal eleito por Pernambuco, à Presidência do PSDB. Aliados do ex-governador paulista, como o senador Aloysio Nunes, classificaram como “péssima” a iniciativa.
Derrotado na eleição presidencial passada, Serra tenta se manter influência no PSDB no momento em que o senador Aécio Neves coloca-se como “candidato natural” à disputa da Presidência da República em 2014. O mineiro foi um dos que apoiam Sérgio Guerra.
Embora Serra não tenha manifestado publicamente seu interesse em presidir o partido, o tucano tem deixado correr a articulação em torno do seu nome para a disputa do cargo.
Fonte: iG