Mais pernambucano dos ritmos, frevo faz 104 anos em plena forma
O já centenário frevo completa, nesta quarta (09), mais um aniversário. Uma das manifestações mais tradicionais da cultura pernambucana, o ritmo está fazendo 104 anos. A data faz referência à primeira vez em que o termo frevo (corruptela de ferver) foi anunciado num jornal, em 1907. E, para homenagear este que é um símbolo do carnaval que se aproxima, a programação comemorativa conta com shows de passistas, artistas regionais e lançamentos de livro e CD.
Publicado 09/02/2011 12:43
A festa tem início às 15h, na Praça do Derby, zona central do Recife, com a saída do Frevioca. De lá, um cortejo segue pelas ruas da cidade, até a Praça do Arsenal, no Recife Antrigo, onde ocorre o lançamento de um CD de músicas carnavalescas.
A obra é composta pelas composições vencedoras do concurso realizado em dezembro de 2010, que serão apresentadas por Abissal, Josildo Sá, Luciano Magno, Isaar e Maciel Salu, Almir Rouche, Gerlane Lops, Ed Carlos, Walkyria, Benil, Maestro Duda e Nonô Germano.
Às 16h, no Pátio do Frevo, haverá o lançamento do livro sobre a história da passista e professora de frevo Zenaide Bezerra, escrito pela pesquisadora Carmem Lélis. Na ocasião, o público será animado por passistas e show da Orquestra de Frevo Raízes com participação de Nena Queiroga, Nono Germano e Ivanildo Silva.
“É gostar, ter amor pela dança e sentir prazer com ela. É o que sinto, eu estou aos 62 anos e ainda dançando com meus netos, filhos e bisnetos. Acho que o céu está em festa, meu pai deve estar muito contente”, conta Zenaide Bezerra, filha de um dos mais conhecidos passistas populares de Pernambucano, Egídio Bezerra.
História
No final do século 19 e início do século passado, o frevo surgiu como camuflagem da luta dos capoeiras. Além disso, nos desfiles carnavalescos, alguns capoeiristas iam à frente, para defender os músicos das multidões, dançando ao rítmo dos dobrados.
A dança adquiriu características próprias, nascendo muito mais da improvisação, que já levaram à catalogação de mais de 120 passos (chamados pernadas, giro, parafuso, dobradiça, tesoura, saca-rolha etc., envolvendo gingados, malabarismos, rodopios, passinhos miúdos e muitos outros, vários oriundos da capoeira).
A coreografia, individual, denota também a mistura de danças de salão da Europa, incluindo o balé e os malabarismos dos cossacos. A sombrinha de frevo é outra herança dos capoeiras, que utilizavam porretes ou cabos de velhos guarda-chuvas como armas, em conflitos entre grupos rivais.
A música tem relação com as executadas pelas bandas militares e as fanfarras de metais e com as marchas, dobrados, maxixes, quadrilhas e tangos. A década de 30 foi um marco para dividir o ritmo em Frevo-de-Rua, Frevo-Canção e Frevo-de-Bloco. A orquestra do frevo é, geralmente, formada por uma requinta, três clarinetas, três saxofones, três pistões, oito trombones, dois hornos, três tubos, dois taróis e um surdo.
A coreografia, individual, é integrada pelo frenético movimento de pernas que se dobram e estiram. Segundo Tárik de Souza, "O Teu Cabelo Não Nega", de 1932, “considerada a composição que fixou o estilo da marchinha carnavalesca carioca, é, na verdade, uma adaptação do compositor Lamartine Babo do frevo "Mulata", dos pernambucanos Irmãos Valença.
A primeira gravação com o nome do gênero foi o "Frevo Pernambucano" (Luperce Miranda/ Oswaldo Santiago) lançada por Francisco Alves no final de 1930. Um ano depois, "Vamo se Acabá", de Nelson Ferreira pela Orquestra Guanabara recebia a classificação de frevo. Dois anos antes, ainda com o codinome de "marcha nortista", saía do forno o pioneiro "Não Puxa Maroca" (Nelson Ferreira) pela orquestra Victor Brasileira comandada por Pixinguinha.
Hoje, o frevo – música e dança – integra a rica diversidade da cultura brasileira e é marco do carnaval pernambucano, especialmente em Olinda e Recife.
Com agências