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Bovespa tem pior pregão do ano e atinge menor nível em 5 meses

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) teve nesta quarta-feira (9) o pior pregão de 2011 e atingiu o menor patamar em mais de cinco meses, depois de recuar 2,36%.

A queda ocorre no dia em que o governo anunciou um corte de R$ 50 bilhões no Orçamento de 2011. A falta de detalhamento do plano do governo também foi apontada como causa do desânimo dos investidores.

A saída de fluxo estrangeiro da bolsa brasileira segue apontada como a principal razão para a forte queda do Ibovespa desde meados de janeiro, que ganhou força nesta jornada diante do rompimento de níveis gráficos importantes.

O índice encerrou a sessão com desvalorização de 2,36%, aos 64.217 pontos – menor patamar desde 26 de agosto de 2010 (63.867) e maior baixa diária desde 23 de novembro do mesmo ano (-2,41%). O giro financeiro atingiu R$ 7,518 bilhões.

EUA

No mercado americano, apesar de ensaiar uma realização de lucros, o índice Dow Jones inverteu o rumo ao fim do dia e fechou com leve alta de 0,06% – a oitava seguida. Já o Nasdaq cedeu 0,29% e o S&P 500 perdeu 0,28%.

Hoje o dia foi esvaziado de indicadores e o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, Ben Bernanke, apenas reforçou que a situação da economia americana ainda merece atenção. Ele disse que a queda no desemprego nos últimos dois meses é animadora, mas ponderou que vão ser necessários vários anos para as contratações voltarem ao normal.

China

Além disso, a China decidiu aumentar os juros cobrados em empréstimos imobiliários concedidos pelo fundo público da habitação. A medida se segue ao aumento nas taxas de juros promovido ontem pelo banco central do país.

“O quadro é o mesmo no Brasil, de inflação nas alturas e com o Banco Central aumentando os juros para conter a inflação e o consumo. Continuam as expectativas de medidas restritivas para crédito e o estrangeiro continua a sair do Brasil”, comentou o operador de bolsa da Icap Brasil Carlos Augusto Nielebock.

Para Luiz Roberto Monteiro, assessor de investimentos da corretora Souza Barros, o mercado ficou frustrado em função da falta de detalhamento do ajuste fiscal. “O estrangeiro continua saindo da bolsa e pode estar entrando em IPOs [ofertas iniciais de ações], já que os recursos continuam no Brasil. O mercado ainda está perdido”, observou.

O analista sênior do BB Investimentos, Hamilton Alves, apontou que o desempenho do Ibovespa é mercadológico, já que o mercado entrou hoje numa tendência de baixa. “Perdemos os 65.300 pontos e as ordens de stop loss [limites de perda] foram disparadas. O mercado saiu batendo principalmente nos papéis mais líquidos, como da Petrobras e da Vale”, ressaltou.

Segundo ele, o investidor estrangeiro continua tirando recursos da Bovespa, com a desconfiança de que a taxa Selic terá que ser aumentada para um patamar além de 12,50% ao fim deste ano e de que o governo não conseguirá cumprir a meta de superávit primário.

“O mercado está desconfiando dos fundamentos do Brasil, o que é uma coisa nova. Apesar da promessa de corte orçamentário, uma coisa é anunciar, outra é ver o resultado”, observa.

Empresas

Na cena corporativa, os principais giros do dia partiram de Petrobras PN (-2,89%, a R$ 26,18), que movimentou R$ 863,2 milhões; Vale PNA (-2,44%, a R$ 48,69), que negociou R$ 753,4 milhões; e OGX Petróleo ON (0,23%, a R$ 17,04), com volume de R$ 552 milhões.

Diante de declarações feitas hoje por Eike Batista, os papéis do grupo EBX ocuparam duas das três únicas posições de alta do Ibovespa. Além de OGX Petróleo, LLX ON avançou 6,68%, a R$ 3,99. Fora do índice, as ações ON da MPX subiram 4,35%, a R$ 32,1.

Eike afirmou hoje que sua petroleira vai listar ações na Bolsa de Londres e indicou que este será apenas o início do processo. Além disso, o grupo vai criar mais uma empresa e abrir seu capital. Os ativos de carvão da MPX na Colômbia serão separados da companhia.

Ainda no noticiário do dia, a OGX concluiu a perfuração do poço horizontal OGX-26HP, localizado na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. A empresa observou que foi realizado um teste de formação que confirmou o potencial produtivo de 40 mil barris de óleo por dia.

De volta ao Ibovespa, as ações ON da BM&FBovespa ainda registraram ganho de 3,57%, a R$ 11,6. No âmbito externo, a NYSE Euronext confirmou a existência de "conversas avançadas" sobre uma potencial combinação de negócios com a Deutsche Boerse. O comunicado veio na sequência do anúncio da fusão entre a Bolsa de Londres (LSE) e a TMX, operadora das bolsas de Toronto e Montreal.

O analista da Lopes Filho Alexandre Montes, entretanto, disse que as notícias não teriam razão para estimular o preço dos papéis da bolsa nacional, que ele atribui a uma recuperação diante das perdas recentes. “A valorização das ações foi mais um repique das baixas que têm ocorrido, foi um fator mais psicológico do que baseado em fundamentos”, disse.

Do lado negativo do Ibovespa, as principais quedas partiram de ações ligadas ao cenário nacional, como Lojas Renner ON (-4,84%, a R$ 48,72) e Rossi ON (-4,87%, aR$ 12,09). Além disso, Gol PN caiu 4,37%, para R$ 22,08, e Vivo PN cedeu 4,35%, a R$ 52,75.

Fora do Ibovespa, as ações ON da Queiroz Galvão Exploração e Produção estrearam na Bovespa com queda de 4,73%, cotadas a R$ 18,1 e com giro financeiro de R$ 147 milhões.

Fonte: Valor