PC Libanês: EUA interferem no país para facilitar novas agressões
O Líbano encontra-se, hoje, em uma encruzilhada em consequência da interferência flagrante dos Estados Unidos em seus assuntos internos, sobretudo em relação ao Tribunal Internacional para o Líbano (TPL), que é utilizado como ferramenta para fomentar uma revolta interna, com o intuito de liquidar a resistência patriótica libanesa e o papel político do Líbano.
Publicado 08/02/2011 19:40
O objetivo dos Estados Unidos consiste em dar um novo empurrão em seu projeto conjunto com Israel na região, o projeto do novo Oriente Médio, e continuar a desintegração dos países árabes sob bases religiosas e confessionais; o que deixaria estes países sob o jugo norte-americano e facilitaria a nova agressão contra o Líbano, que Israel prepara desde sua derrota em 2006.
Partindo desta análise, o Comitê Central do PCL, denuncia o recurso do ex-presidente do Conselho, Saad Hariri, para cobrir com um manto de legalidade a intervenção norte-americana nos assuntos libaneses, mas também sua submissão aos ditames norte-americanos, no que concerne ao "Tribunal para o Líbano" (TPL). Chama a atenção sobre o perigo que constituem as posições e as declarações de certas forças políticas libanesas pró-norte-americanas que apostam no projeto do novo Oriente Médio, com o intuito de realizar as ambições estadunidenses, sem levar em conta a unidade nacional nem a paz social. O que lhes importa é poder liquidar a resistência patriótica e pôr fim à imagem de um Líbano árabe e resistente.
O Comitê Central adverte o Líbano para não cair em um clima de tensão ou de revolta religiosa e confessional, porque os Estados Unidos e as forças políticas libanesas subservientes a Washington vão recorrer, mais uma vez, a tal situação. Chama todas as forças que querem preservar a independência e a soberania libanesa a fazer frente aos projetos e aos compromissos confessionais que constituíram sempre o elemento fatal contra a paz civil e a tolerância.
Neste sentido, o Comitê Central convoca também as forças ditas "da oposição" responsável pelo estado no qual se encontra o país por causa do governo omisso, indevidamente chamado "governo de unidade nacional", e que prejudicou o Líbano tanto por causa de sua composição, quanto pelo programa adotado. Intitulam-se de "oposição" para aproveitar-se dos erros do passado na constituição de qualquer governo futuro, de maneira a criar uma nova via política, um programa democrático baseado na complementaridade entre, de um lado, os elementos da resistência patriótica e da oposição ao projeto norte-americano-israelense, e, por outro lado, os do fortalecimento da unidade nacional e da paz civil. Além disso, o Comitê Central do PCL acha necessário preparar um diálogo nacional longe das representações confessionais. Tal diálogo é o único meio de garantir a independência das decisões nacionais e da soberania do país diante de todas as formas de intervenção externa, para lutar contra a opressão política dos EUA sobre o "Tribunal para o Líbano", cujo objetivo não é nem o conhecimento da verdade sobre o assassinato de Rafic Hariri, nem o triunfo da justiça.
O PCL tinha, desde 2005, pedido a criação de um tribunal libanês, com uma abrangência árabe, sendo assim capaz de chegar à verdade sobre este assassinato. Além disso, nosso Partido considerava a resolução 1559 como uma armadilha preparada pelos Estados Unidos com o fim de internacionalizar a crise libanesa, alertando contra o conteúdo de certos artigos. Chamava também todos os governos formados desde o Acordo de Taëf a pôr em pratica as reformas democráticas contidas neste Acordo, visando uma mudança no regime político confessional, a saber : a formação do Comitê nacional para a supressão do "confessionalismo", a adoção de uma lei eleitoral moderna, democrática e não confessional. Porque esta é a única forma de preservar o Líbano de novas guerras civis e de mobilizar todas as forças do país diante de uma possível agressão israelense.
O Comitê central do PCL chama, finalmente, a atenção para a deterioração das condições econômicas e sociais que têm graves repercussões sobre a classe operária e os pequenos assalariados. Chama os Comunistas, as forças da esquerda e da democracia, bem como os sindicatos operários e dos autônomos, as organizações da juventude, as mulheres e todos os que compõem a sociedade civil libanesa a unir-se contra as tentativas do regime político de conduzir, novamente, nosso povo ao suicídio através das guerras civis e dos combates confessionais, outras vezes através da fome, da pobreza, dos impostos enormes e da emigração. Os exorta a preparar o combate que visa a criação de um governo democrático que tenha um programa político que garanta a salvaguarda da Tolerância Patriótica, a cidadania, a paz civil e as reformas políticas, econômicas e sociais necessárias.
Beirute, 16 de janeiro de 2011, Comitê Central do Partido Comunista libanês
Fonte: Diário da Liberdade