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Egípcios fazem quarto dia de manifestação e polícia reprime

Egípcios voltam às ruas nas cidades de Cairo, Suez e Alexandria, no quarto dia consecutivos de protestos contra o governo e polícia entra em choque com manifestantes. 

- AP

A polícia do Egito entrou em choque nesta sexta-feira (28) com milhares de manifestantes que exigem a saída do presidente Hosni Mubarak, no quarto dia consecutivo de protestos contra o governo. Os choques aconteceram principalmente na capital do país, Cairo, logo após as preces de sexta-feira.

Policiais dispararam bombas de gás lacrimogêneo e usaram canhões d'água para dispersar multidões, que reagiram atirando pedras contra as forças de segurança. Centenas também saíram às ruas das cidades de Suez e Alexandria.

Na quarta-feira (26), o Ministério do Interior emitiu um comunicado informando que toda "reunião de protesto, passeata ou manifestação" estava proibida, e que qualquer pessoa que participasse de "ações não autorizadas" seria presa e processada.

Horas antes do início dos protestos desta sexta-feira, serviços de internet e de envio de mensagens por celular foram bloqueados. A oposição culpa o governo, dizendo tratar-se de uma tentativa de impedir a organização de novos protestos. As autoridades egípcias negam.

Há relatos de que centenas de integrantes da oposição teriam sido presos durante a madrugada. O principal alvo das prisões teria sido o grupo Irmandade Muçulmana – que foi banido pelo governo. Pelo menos sete pessoas morreram e até mil foram presas desde o início dos protestos, na terça-feira.

O líder opositor egípcio Mohamed ElBaradei, ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e prêmio Nobel da Paz de 2005, participou de uma oração com mais de duas mil pessoas no Cairo nesta sexta-feira. Ele voltou ao país na quinta e prometeu se unir aos protestos.

Tunísia

As manifestações no Egito foram inspiradas pelos protestos populares na Tunísia que levaram à derrubada do presidente Zine al-Abidine Ben Ali, há duas semanas.

A chamada "Revolução de Jasmim" começa a afetar regimes que estão no poder há décadas graças ao predomínio do medo, consideram analistas.

Depois de Túnis, "o assunto não é qual será o seguinte, mas sim qual (regime) se salvará", afirmou Amr Hamzawy, diretor de pesquisas da fundação Carnegie no Oriente, para quem as manifestações populares poderão atingir a maioria dos países árabes, exceto as monarquias petroleiras do Golfo.

 
Foto: Reuters
Protesto contra o presidente Ali Abdullah Saleh, no Iêmen
Oriente Médio em polvorosa

"Trata-se de uma verdadeira tendência regional, no Egito, Argélia, Jordânia, Iêmen, onde os cidadãos saem às ruas para exigir seus direitos sociais, econômicos e políticos", disse o analista.

Milhares de manifestantes se reuniram nesta quinta-feira (27) em quatro pontos da capital do Iêmen, Sanaa, para exigir que o presidente Ali Abdullah Saleh, no poder desde 1990, desista de uma nova reeleição. Os manifestantes também pedem reforma econômicas e o combate à corrupção.

"É uma dinâmica desencadeada no mundo árabe", disse o acadêmico Bourhan Ghalioun, autor em 1977 de um "Manifesto para a democracia" no mundo árabe. "O que ocorreu em Túnis rompeu o costume do medo e mostrou que era possível – com uma velocidade surpreendente – derrubar um regime, com uma dificuldade menor do que a imaginada", afirmou Ghalioun, diretor do Centro de Estudos sobre o Oriente Contemporâneo (CEOC), em Paris.

Da redação, com agências