Eduardo Guimarães: blogueiro da Veja crê no Estadão
O Estadão divulgou, nesta quinta-feira, notícia de que o governo federal teria decidido não incluir no marco regulatório que prepara para o setor de mídia a proibição da propriedade cruzada de meios de comunicação por um único grupo empresarial.
Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania
Publicado 27/01/2011 17:49
Pelo Twitter, este blogueiro questionou o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, pela matéria do jornalão paulista, que o cita. Democraticamente, o ministro respondeu que, ao contrário do que diz o jornal, o governo não tomou decisão nenhuma.
Alguns acharam que foi pouco, mas não foi. Um ministro de Estado não pode anunciar por uma rede social detalhes sobre decisões de governo da importância do projeto de regulação da mídia, sobretudo sem consultar a presidente do governo que integra.
Mas houve quem adorou a notícia supostamente falsa. O blogueiro da Veja, Reinaldo Azevedo, desandou a comemorar, o que mostra a dimensão do que será se eventualmente se confirmar a matéria do Estadão que o ministro desmentiu.
Leiam, abaixo, a comemoração da voz de José Serra na internet, o blogueiro Reinaldo Azevedo.
por Reinaldo Azevedo
Se as coisas realmente são como informa hoje o Estado, Lula e Franklin Martins deram com os burros n’água e não conseguirão implementar o tal “controle social” da mídia. Um de seus pilares era a proibição da chamada propriedade cruzada, quando um mesmo grupo controla concessões de TV, de rádio etc. Segundo o jornal, o governo Dilma descobriu o que todos já sabíamos (antes tarde do que mais tarde): a convergência de mídias tornou essa conversa atrasada, obsoleta.
Vamos ver. Comemoro com prudência. O que parece, no entanto, é que Dilma, nesse particular, resolveu aprender com os descaminhos de Lula e não quer, não por ora ao menos, arrumar confusão com a “mídia”. Ademais, a presidente deve estar percebendo que o diabo não era tão feio quanto os petistas pintavam. Ele até lhe tem sido bastante simpático, não é mesmo?
A tese da convergência conduz, desde logo, a uma questão: a presença do capital estrangeiro nas empresas de comunicação, limitado, legalmente, a 30%. Os portais das telefônicas, por exemplo, que atuam como canais de notícias, estão livres da exigência. Se existe a tal convergência, então terá de haver igualdade: ou o limite vale para todo mundo ou cai para todo mundo. O governo, segundo apurou o Estadão, quer que valha.
O governo também resolveu tirar o pé do acelerador. Diz agora que quer fazer um debate mais cuidadoso, sem pressa, sem atropelos, sem ranço ideológico. O conjunto da obra, pois, se confirmado, vai na contramão do que pretendia Franklin Martins, ex-ministro da Supressão da Verdade. Nos últimos dias de ministério, ele praticamente cobrou de Dilma a implementação de sua proposta, lembrando que ela teve “um caminhão de votos”. Pelo visto, a sucessora de Lula decidiu usar o “caminhão” para buscar a paz com os meios de comunicação, não a guerra, como ele queria.
Sendo como parece, Dilma está fazendo a opção mais sensata para a democracia e estrategicamente mais inteligente para o seu governo. Tudo confirmado, é preciso concluir: os dinossauros perderam a batalha. Enquanto isso, a oposição…