Briga de Serra para comandar PSDB esbarra em revanche de Alckmin
O isolamento do ex-governador paulista José Serra no PSDB é cada vez mais gritante. Na esperança de se viabilizar para a presidência do partido, Serra se empenha para ocupar o papel de porta-voz da oposição no país — mas seu caminho não é consenso entre os caciques tucanos.
Publicado 21/01/2011 15:50
Candidato derrotado à Presidência em 2010 (e em 2002), ele não exerce funções na direção executiva tucana, nem tem aliados de peso em cargos governamentais. Assim, seu blábláblá anti-Dilma, por ora, se resume ao Twitter. Na quarta-feira (19), Serra se fiou em denúncia da Folha de S.Paulo para criticar o governo federal, citando os supostos desvios na Funasa (Fundação Nacional de Saúde). "O PT destruiu a Funasa e a Anvisa, com fisiologismo, corrupção e incompetência", escreveu Serra.
O tucano também anteviu uma crise econômica no Brasil, ao apontar “inflação em alta, deficit (sic) sideral do balanço de pagamentos, nó fiscal, carências agudas de infraestrutura". Parecia estar ainda em campanha — e ainda menosprezando que seus ataques vão na contramão do que pensa o povo sobre o legado do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo aliados, Serra avalia a oportunidade de disputar a presidência do partido em maio. Até lá, trabalha para construir seu nome. "Seria um desperdício de talento e liderança se ele não se recolocasse na vida pública", diz o senador eleito Aloysio Nunes Ferreira.
O problema é que a maior vitrine de Serra — o governo paulista, ocupado por ele de 2007 a 2010 — é alvo de uma ligeira operação para sepultar o legado serrista. O atual governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), estuda uma “cirurgia plástica” que renove completamente a cara da gestão tucana, tão chamuscada pela gestão Serra.
Alckmin, por exemplo, já planeja aumentar a distribuição de bolsas integrais de estudo para universitários. Seu modelo de inspiração está longe de ter as digitais tucanas. É, claramente, o Programa Universidade Para Todos (Prouni), do governo federal. O novo governador também quer lançar um novo programa de custeio do ensino superior para jovens, o Educador Social, e reforçará uma das bandeiras de sua gestão anterior, o Escola da Família, reduzido na gestão de José Serra (PSDB).
O novo programa deve beneficiar 3 mil alunos, que receberão bolsa integral para todo o curso. O cadastro das pessoas auxiliará o governo a ampliar o Renda Cidadã, que também terá como inspiração um dos principais projetos criados no governo Lula — o Bolsa Família. Além da bolsa, os alunos terão uma ajuda de custo para o deslocamento durante o trabalho.
Além de se mirar no exemplo do ex-presidente Lula, Alckmin também subverte as principais orientações do governo tucano em São Paulo. Na gestão passada, Serra desidratou o Escola da Família. Assim que assumiu, em 2007, o ex-governador reduziu o número de colégios atendidos pelo projeto, marcando diferença com o governo que havia herdado de Alckmin.
O programa sempre foi considerado pelo atual governador como uma de suas vitrines. Quando Serra chegou ao governo estadual, criticou também outro projeto prioritário da área educacional da gestão Alckmin, o Escola de Tempo Integral. Em relatório à Assembleia Legislativa, o governo Serra apontou a falta de planejamento na implementação do programa. Agora, Alckmin dá o troco. E isola Serra ainda mais.
Da Redação, com agências