Kassab agenda filiação ao PMDB e deve “extirpar” o DEM em SP
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), avisou a aliados que deve se filiar em março ao PMDB. O prazo permitirá que ele empreenda negociações para ampliar a participação da sigla em seu governo e formar uma frente ampla de deputados e prefeitos no estado.
Publicado 14/01/2011 10:14
A movimentação de Kassab pode criar uma terceira força política em São Paulo, com potencial de romper a polarização entre PT e PSDB, surgida no ocaso do malufismo nas eleições majoritárias. Em conversas na última semana com aliados, o prefeito disse que aguardará a eleição do novo comando do DEM, em março, para anunciar a sua saída.
Uma das ideias de Kassab é que praticamente todas as lideranças de vulto do DEM em São Paulo o acompanhem ao PMDB — o que corresponderia a uma quase extirpação dos “demos” no estado. O prefeito articula levar grande parte dos 70 prefeitos do DEM, que se somariam aos 68 do PMDB, criando uma das principais forças partidárias paulistas — PTB e PT, por exemplo, têm respectivamente 63 e 65 prefeituras.
Entre os cotados para migrar para o PMDB com Kassab estão o prefeito de Campinas, Hélio de Oliveira Santos (PDT), que iniciou negociações ainda com Quércia, e a prefeita de Ribeirão Preto, Darcy Veras (DEM). O prefeito também ampliará a participação do PMDB no governo. A legenda — que hoje tem a vice-prefeitura e a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, com Alda Marco Antônio — pode ocupar mais duas pastas.
Apontado como candidato ao Palácio dos Bandeirantes em 2014, Kassab fechou, na semana passada, com o vice-presidente Michel Temer (PMDB) os detalhes sobre a mudança para o PMDB paulista, esvaziado após a morte de Orestes Quércia. Ao mesmo tempo, o prefeito sinalizou para a cúpula tucana que marchará com o PSDB. A movimentação é feita com o aval dos serristas, mas desperta desconfiança de aliados do governador Geraldo Alckmin.
Parecer
Kassab pediu pareceres de advogados sobre a possibilidade de ter o mandato requerido pelo DEM. Segundo um dos especialistas consultados, a avaliação levada ao prefeito foi de que o Supremo Tribunal Federal tem entendido que os mandatos no Executivo pertencem aos eleitos — não aos partidos. O risco de perder a cadeira seria, portanto, pequeno.
O entendimento é diferente no caso dos parlamentares. Kassab quer levar com ele a bancada de seis deputados federais eleitos pelo DEM. Parlamentares ligados ao PPS também têm negociado a migração para o partido. A mudança, no entanto, só será possível se houver a aprovação de uma janela partidária — Temer trabalhará no Congresso para sua aprovação. Na seara petista, ainda há restrições sobre os efeitos que a janela poderia causar ao fortalecer o PMDB.
Kassab articula a mudança da atual direção do DEM, desbancando da cúpula partidária o grupo ligado ao presidente, Rodrigo Maia. Apesar da movimentação, o prefeito entende que o DEM está enfraquecido para dar sustentação aos projetos eleitorais de maior fôlego — a bancada do partido no Congresso perdeu 29 parlamentares nesta eleição.
"O PMDB está de portas abertas para o prefeito", disse o deputado estadual Jorge Caruso, uma das principais lideranças do partido no estado, ao destacar que a decisão de Kassab só virá depois da convenção do DEM em março. "A entrada de Kassab trará uma renovação ao PMDB", completa o presidente municipal da legenda, Bebeto Haddad.
Da Redação, com informações do O Estado de S.Paulo