Nova legislatura começa na Venezuela com presença da oposição
Os 165 parlamentares da Assembleia Nacional da Venezuela eleitos e reeleitos, em setembro de 2010, assumem, nesta quarta-feira (05), as funções para mandatos que vão até 2016. Pela primeira vez nos últimos anos, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, enfrentará um cenário menos favorável na Assembleia. Do total dos parlamentares, pelo menos 67 prometem fazer oposição.
Publicado 05/01/2011 10:24
Na sua coluna publicada no último domingo (2), Chávez reconheceu que o cenário político na Venezuela será tenso. "Vai haver uma das batalhas políticas mais importantes de 2011", disse ele. "A responsabilidade histórica de cada um dos nossos legisladores e parlamentares é grande”, ressaltou. “Temos de limpar todos os obstáculos para o pleno exercício legislativo.”
Chávez, contudo, disse estar contente pelo fato de que setores da oposição "decidiram fazer política", o que obriga o governo a perfilar suas estratégias. "É melhor ter o debate, a batalha de ideias. Bem-vinda seja", afirmou, saudando a nova mesa diretora do Parlamento, que qualificou como uma boa equipe. Nas eleições anteriores, a oposição decidiu boicotar o pleito, o que a deixou sem espaço na legislatura que se encerra hoje.
A composição do novo Parlamento unicameral está da seguinte forma: 98 parlamentares integram a frente pró-governo – que é formada pelos Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e Partido Comunista (PC) – , enquanto 67 são de oposição, formada pelo Movimento Unidade Democrática (MUD) e Pátria para Todos (PPT).
A previsão é que em 2012 ocorram eleições presidenciais na Venezuela e o atual presidente deve tentar a reeleição. Em setembro, cerca de 17,7 milhões de eleitores foram às urnas. As eleições venezuelanas ocorreram no momento em que a economia do país passava por dificuldades. Às vésperas das eleições houve apagões de energia em várias cidades da Venezuela, obrigando o governo a estabelecer medidas públicas de contenção. Também havia carência de vários produtos nas prateleiras dos mercados.
Continuidade do projeto
O presidente de Venezuela, Hugo Chávez, assegurou que o governo começa o novo ano com esperanças renovadas e disposto a seguir construindo o projeto nacional bolivariano, que considerou está delineado com muita clareza.
Chávez destacou, em seu primeiro pronunciamento de 2011, que, no ano do Bicentenário, o país se encontra imerso na construção de um projeto histórico que requer a revisão de diversos temas. "Que ninguém ache que porque as chuvas diminuíram não seguimos enfrentando uma situação de emergência social", sublinhou.
Segundo ele, atualmente encontram-se instalados no território nacional 901 refúgios que acolhem quase 33 mil famílias. Detalhou que existem mais de 126 mil desalojados, uma cifra que diminuiu nos últimos dias, pois algumas pessoas começaram a retornar a suas moradias.
"Estamos demolindo as casas nas zonas de alto risco para impedir que sejam alugadas ou os danificados regressem a elas", acrescentou. O chefe de Estado indicou que, no próximo dia 10, começa o ano letivo, mas ainda há 357 escolas que servem como abrigos.
"Há algumas famílias que não querem sair das escolas. A elas me dirijo, para que colaborem no translado para albergues que serão preparados com melhores condições", disse. "Temos ativado um plano para que tudo regresse à normalidade, aceleramos os trabalhos de reconstrução, dos quais estarão encarregadas os ministérios, brigadas de voluntários, forças armadas e conselhos populares", completou.
Com agências