Patriota quer aprofundar papel do Brasil nas relações exteriores
“Orientaremos a ação externa do Brasil preservando as conquistas dos últimos anos e construindo sobre a base sólida das realizações do Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, anunciou o novo ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, em seu discurso de posse nesta segunda-feira (3). Essas conquistas, segundo ele, representa o fortalecimento das relações com os vizinhos da América do Sul, estreitamento Sul-Sul, sem descuidar da governança global.
Publicado 04/01/2011 13:21
E disse que o Brasil permanecerá atento “para evitar que os círculos decisórios que se formam em torno das principais questões contemporâneas reproduzam as assimetrias do passado, ignorando as aspirações legítimas dos que não os integram.”
“O G-20s e outros agrupamentos restritos só conseguirão consolidar sua autoridade se permanecerem sensíveis aos anseios e interesses dos mais de 150 países que não se sentam em suas reuniões”, explicou.
Ele destacou as mudanças ocorridas no Brasil e na condução da política externa, destacando o crescimento econômico com distribuição de renda, em contexto de aprofundamento da democracia. “E adquirimos uma autoridade natural para nos engajarmos em todos os grandes debates e processos decisórios da agenda internacional – políticos, econômicos, comerciais, ambientais, sociais, culturais”, firmou
O Brasil, segundo ele, “como a sétima economia do mundo, e havendo implementado um conjunto de políticas econômicas e sociais que têm produzido resultados tangíveis, gera uma expectativa natural, em searas de cooperação as mais diversificadas, junto a países menos desenvolvidos – na América Latina e no Caribe, na África, no Oriente Médio e na Ásia.
Interesses nacionais
O novo ministro criticou “as aventuras militares e as práticas econômicas irresponsáveis que desestabilizaram a ordem internacional”, sem nomear os países responsáveis por essas práticas, mas anunciando que esses fatos dizem respeito a todos os países. “ (…) cada participante do sistema assuma plenamente seu papel no tratamento de questões que afetam a todos indiscriminadamente.”
“O Brasil não se furtará a defender interesses nacionais específicos e imediatos, mas tampouco deixará de afirmar sua identidade em função de objetivos sistêmicos amplos, vinculados a valores que nos definem como sociedade”, adiantou.
Ao mesmo tempo, destacou que “continuaremos a privilegiar o diálogo e a diplomacia como método de solução de tensões e controvérsias; a defender o respeito ao direito internacional, à não-intervenção e ao multilateralismo; a militar por um mundo livre de armas nucleares; a combater o preconceito, a discriminação e a arbitrariedade; e a rejeitar o recurso à coerção sem base nos compromissos que nos irmanam como comunidade internacional.
Citando os exemplos do Mercosul e Unasul, que ele considera “robustos e coesos”, Patriota disse que “compete-nos completar a transformação da América do Sul em um espaço de integração humana, física, econômica, onde o diálogo e a concertação política se encarregam de preservar a paz e a democracia”.
E acrescenta que “não se faz integração sem diálogo permanente, sem engajamento intelectual e até mesmo, diria eu, sem emoção e idealismo. É nessa direção que precisamos trabalhar.”
Continente irmão
O novo ministro destacou que, no mundo atual, onde ainda não se dissiparam totalmente as dicotomias Norte-Sul, “a ação diplomática do Brasil pode contribuir para a promoção de relações mais equilibradas em torno a interesses compartilhados”, defendendo “uma agenda ativa com nossos parceiros na África – intensificando nossa cooperação e nosso diálogo com o continente irmão.”
“Nossos próprios imperativos de desenvolvimento econômico, social e tecnológico orientarão a busca de parcerias em uma variedade de temas, que incluirão a educação, a inovação, a energia, a agricultura, a produtividade industrial, a defesa; sem descuidarmos do meio ambiente, da promoção dos direitos humanos, da cultura, das questões migratórias”, afirmou.
Nas áreas econômica, financeira, comercial, ambiental, Patriota manifestou preocupação com a competitividade da indústria brasileira e com a pauta exportadora, anunciando a decisão de “manter contato com a presidência francesa do G-20 Financeiro e outros interlocutores, entre os quais os BRICs, para assegurar um ambiente propício à sustentabilidade da recuperação econômica e infenso a pressões protecionistas.”
De Brasília
Márcia Xavier