Dilma e Patriota reafirmam diretrizes da política exterrna
A presidente Dilma Rousseff dedicou o primeiro de trabalho como chefe de Estado à política externa. Neste domingo (2), ela recebeu no Palácio do Planalto o presidente uruguaio, José Mujica, o vice-presidente de Cuba, Machado Ventura, o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates e o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas , entre outras autoridades internacionais que representaram seus países na cerimônia de posse.
Publicado 03/01/2011 10:37
O primeiro compromisso da presidente foi uma audiência com o príncipe Felipe de Astúrias, herdeiro da Coroa espanhola. O príncipe entregou a ela uma carta de seu pai, o rei Juan Carlos. Eles trataram questões referentes aos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.
Palestina
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR |
Presidente Dilma cumprimenta o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. |
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, manifestou satisfação pelo Brasil ter reconhecido o Estado palestino, durante a audiência com Dilma.
Abbas demonstrou o desejo de manter a proximidade entre o Brasil e a Palestina, a exemplo do que vinha ocorrendo no governo do presidente Lula.
Ele convidou a presidente para uma visita a Ramalá, cidade situada na Cisjordânia, onde está sediado o governo da Autoridade Nacional Palestina.
Em dezembro passado, o governo brasileiro reconheceu o Estado palestino com as fronteiras existentes em 1967. A declaração foi feita por meio de carta enviada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente Mahmoud Abbas. .
Nos últimos anos, o Brasil vem intensificando seu relacionamento com a Palestina. Em 2004, foi aberto um escritório de representação em Ramalá. O presidente Mahmoud Abbas veio ao Brasil em duas ocasiões e Lula esteve nos territórios palestinos ocupados em março deste ano.
Uruguai
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR |
Dilma Rousseff recebe o presidente do Uruguai, José Mujica no Palácio do Planalto |
Uma reunião bastante positiva pela identidade política e magnitude dos laços de boa vizinhança e cooperação foi com o presidente do Uruguai, José Mujica. Dilma reafirmou o compromisso de manter a frequência dos encontros bilaterais que estavam sendo realizados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a cada três meses com o país platino. Recentemente, o Uruguai optou pela adoção do sistema nipo-brasileiro de TV digital, decisão que foi elogiada pela presidente.
Cuba
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR |
Dilma cumprimenta o primeiro vice-presidente de Cuba, José Ramón Machado Ventura |
A presidente brasileira teve um encontro fraternal e amistoso com o vice-presidente de Cuba, Machado Ventura. O representante da ilha socialista apresentou os resultados do trabalho da Missão Médica Cubana no combate ao cólera no Haiti. Ambos manifestaram a decisão de manter a mais estreita cooperação neste terreno. Brasil e Cuba desenvolvem relações positivas em todos os terrenos. A disposição de ambos os governos é desenvolver e aprofundar ainda mais a cooperação bilateral.
Portugal
O primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, afirmou que a intensificação das relações com o Brasil tem um valor estratégico. Portugal enfrenta desde a segunda metade de 2010 um aprofundamento de sua crise econômica.
“Nesses últimos anos, o mundo mudou muito em várias dimensões. Essas mudanças foram muito significativas. Uma delas é da maior importância para Portugal. A afirmação do Brasil tanto em nível político quanto em nível econômico”, considerou. “É por isso que para Portugal a relação com o Brasil, que já era uma prioridade, se transformou em uma prioridade ainda maior”, completou.
José Sócrates informou que pretende incentivar parcerias entre empresas portuguesas e brasileiras, como as já em curso entre a Petrobras e as empresas de energia portuguesas Galp e EDP. Em maio de 2010, a Petrobras firmou parceria para a produção de biodiesel em Portugal. A estatal brasileira também assinou com o governo português um acordo que definem a exploração de hidrocarbonetos em águas profundas na Bacia do Alentejo.
Sócrates destacou ainda o apoio para que o Brasil ocupe uma vaga permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) — que conta com cinco membros permanentes (Estados Unidos, China, Reino Unido, França e Rússia.
“Tive a oportunidade de dizer à presidente do Brasil que pode contar com Portugal como mais fiel e mais próximo aliado, no que vai ser a caminhada do Brasil para ocupar o seu espaço no Conselho [de Segurança] das Nações [Unidas]”, destacou.
Japão e Coreia
As trocas na área de alta tecnologia com o Japão e com a Coreia do Sul deram a tônica das audiências da presidente Dilma com o primeiro-ministro coreano, Kim Hwang-Sik e o ex-primeiro ministro do Japão, Taro Aso. De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, Dilma tratou com o primeiro-ministro da Coreia sobre a cooperação na área de energia nuclear, petróleo e construção naval.
A presidente também conversou, tanto com o ex-primeiro ministro do Japão, quanto com o primeiro ministro da Coreia, sobre o trem de alta velocidade.
Dilma e Taro Aso se conhecem há mais de cinco anos, desde que a então ministra-chefe da Casa Civil esteve no Japão para a celebração dos 100 anos da imigração japonesa. “Dilma agradeceu papel de Taro Aso como presidente do grupo parlamentar nipo-brasileiro e também todo o apoio que ele deu na tramitação no Congresso de um acordo na área da previdência que beneficia os imigrantes brasileiros no Japão”, disse Patriota.
Soberania nacional e diálogo
Ao assumir o Ministério das Relações Exteriores, o embaixador Antonio de Aguiar Patriota, defendeu as posições de firmeza adotadas pela política externa brasileira em favor dos interesses nacionais, do multilateralismo e da busca pelo diálogo. Segundo ele, é essencial que todos os países tenham voz, do contrário erros do passado serão reproduzidos.
Para Patriota, é importante ainda que a presidente Dilma Rousseff desenvolva uma “diplomacia universal” dando importância aos países da América do Sul e do Caribe, assim como parceiros comerciais importantes, como os Estados Unidos e a China.
“O Brasil não se furtará em defender interesses nacionais específicos”, disse Patriota, que participou no domingo da cerimônia de transmissão de cargo, no Itamaraty. “Continuaremos a privilegiar a via diplomática e a defender o multilateralismo e o fim das armas nucleares.”
De acordo com o novo chanceler, é necessário que os países em desenvolvimento sejam ouvidos. “[Os países que integram o] G20 [grupo dos países mais ricos do mundo] devem ser sensíveis aos países [em desenvolvimento]”, disse ele. “Os antigos formadores de opinião têm encontrado dificuldades em manter suas ideias.”
Com agências