Para CTB, 2011 será o ano para consolidar agenda da Conclat
O ano de 2010 se encerra tendo como grande marco da luta sindical a realização da Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat). Para Wagner Gomes, presidente da CTB, em 2011 as centrais terão que se mobilizar para que a Agenda da Conclat seja consolidada, em prol da construção de um novo projeto nacional de desenvolvimento para o Brasil.
Publicado 28/12/2010 16:34
“Teremos que dar ampla divulgação ao longo de todo o ano de 2011 para o documento aprovado na Conclat. Ele é fruto de um grande processo de unidade entre as centrais e deve ser discutido em cada um dos estados brasileiros, em cada sindicato, em cada federação”, disse o presidente da CTB.
Em entrevista publicada no site da central sindical que preside, Wagner Gomes avalia 2010 como um ano de grandes conquistas para a CTB, que completou em dezembro seu terceiro aniversário. No entanto, o dirigente não se furtou de apontar os problemas que deverão ser enfrentados pela Central em 2011.
Leia abaixo a entrevista:
Que avaliação você faz do ano de 2010 para a CTB?
Temos que ser equilibrados e evitar ufanismos ao fazer esse tipo de avaliação. Entendo que foi um ano muito positivo para a CTB. Chegamos ao final de 2010 com a terceira posição consolidada entre as centrais sindicais com maior representatividade – isso é algo muito grandioso para uma entidade com apenas três anos de vida. Chegamos ao final do ano e constatamos que a CTB está presente em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal. Iniciaremos 2011 com perspectivas de crescimento em nossa base e pretendemos continuar protagonizando algumas das principais lutas da classe trabalhadora.
Nesse contexto, pensando em uma espécie de balanço de 2010, que dimensão você dá para a realização da Conclat?
A Conclat sem sombra de dúvida foi o grande marco do movimento sindical brasileiro em 2010. A unidade demonstrada pelas cinco centrais que organizaram a Conferência foi fundamental para o seu sucesso. Passados alguns meses de sua realização, é possível perceber que muitos frutos ainda serão colhidos como resultado da Conclat. A Agenda da Classe Trabalhadora (documento aprovado durante a Conclat) deve ser a referência das centrais sindicais daqui por diante. A classe trabalhadora fez história no 1º de junho, ao se reunir no Pacaembu. Ela reafirmou a necessidade de ser protagonista das mudanças políticas necessárias para o desenvolvimento do Brasil. A eleição de Dilma Rousseff para a Presidência da Republica já foi uma mostra do que os trabalhadores podem fazer quando se unem por um objetivo bem definido.
A eleição de Dilma pode ser considerada também como uma vitória das centrais e do movimento sindical em geral?
Sem sombra de dúvida. Apesar de toda a popularidade do presidente Lula, não é exagero dizer que a eleição de Dilma esteve em risco na transição do primeiro para o segundo turno. Foi aí que colocamos definitivamente em prática uma resolução tomada desde antes da Conclat: participar ativamente do processo eleitoral, e não somente indicar o voto em determinado candidato. Com a Agenda da Classe Trabalhadora em mãos, desde o primeiro turno vimos que a opção por Dilma seria a mais adequada, seria a única capaz de dar continuidade e aprofundar as mudanças iniciadas no governo Lula. Não medimos esforços para conseguir votos, entramos em todos os debates para demonstrar o retrocesso que significaria a eleição de José Serra e demos nossa contribuição. Por tudo isso creio que foi, sim, também uma vitória das centrais e do movimento sindical brasileiro como um todo.
Ao completar seu terceiro aniversário, que aspectos de sua estrutura e organização a CTB ainda precisa aprimorar?
O balanço que fizemos de 2010 é positivo, mas é obvio que isso não nos impede de uma auto-avaliação critica, construtiva, que permita à CTB continuar crescendo e alcançar novos patamares no futuro. Um ponto que merece maior atenção é a estrutura da CTB em cada um dos estados. Precisamos de uma interação maior e vamos trabalhar por isso em 2011. Outro ponto que merece atenção é o fato de a CTB ainda ser uma entidade muito urbana. Temos que nos aproximar mais e dialogar mais com o sindicalismo rural, setor de extrema importância para o desenvolvimento do Brasil. Creio também que a relação da CTB com os movimentos sindicais é boa e próxima, mas pode se tornar mais rica. Por fim, entendo que a CTB precisa se tornar mais presente e mais conhecida junto aos sindicatos de todo o país, ser uma entidade mais presente à vida dos trabalhadores.
Que políticas serão priorizadas pela CTB durante 2011?
Certamente vamos seguir nossas lutas com base no conteúdo da Agenda da Conclat. Dessa forma, a questão da política de valorização do salário mínimo será uma batalha que enfrentaremos com vigor, assim como iremos retomar os esforços pela alteração na Constituição que reduza a jornada de trabalho no Brasil para 40 horas semanais, sem redução de salário. A extinção do fator previdenciário será uma pauta que certamente a CTB e as demais centrais levarão à nova presidente. Algo que também iremos valorizar muito em 2011 é a questão da formação sindical. Trata-se de um tipo de ação que se traduzirá, no futuro, em resultados muito positivos para a CTB. Como complemento aah pergunta anterior, também faremos esforços significativos para conquistarmos avanços na luta pela reforma agrária e na valorização da agricultura familiar.
Você mencionou a Agenda da Conclat como o grande marco de 2010. De que modo as centrais podem tornar seu conteúdo mais acessível aos trabalhadores?
Isso é algo que cada uma das centrais participantes da Conclat terá que se empenhar muito durante este ano que se inicia. Teremos que dar ampla divulgação ao longo de todo o ano de 2011 para o documento aprovado na Conclat. Ele é fruto de um grande processo de unidade entre as centrais e deve ser discutido em cada um dos estados brasileiros, em cada sindicato, em cada federação. Certamente o nosso esforço por um 1º de Maio unificado se traduzirá em uma grande demonstração da unidade que buscamos e conseguimos colocar em prática durante o governo Lula. Precisamos levar o conteúdo da Agenda da Conclat ao maior número de trabalhadores possível. Somente dessa forma conseguiremos que eles sejam os protagonistas das mudanças que o Brasil ainda precisa.