Brasil perde Heleieth Saffiotti, pioneira do movimento feminista
Faleceu nesta segunda-feira, 13, aos 76 anos, a professora Heleieth Iara Bongiovanni Saffiotti. O sepultamento aconteceu na tarde desta terça-feira, no Cemitério do Morumbi, em São Paulo. Heleieth foi uma das pioneiras do movimento feminista no Brasil e uma das primeiras acadêmicas brasileiras a publicar livros e artigos sobre a condição das mulheres.
Publicado 15/12/2010 15:51
Conforme colocou Olívia Rangel Joffily, membro da direção da União Brasileira de Mulheres, “seu nome é, em si, uma referência para a história do feminismo brasileiro. A UBM inclina suas bandeiras em homenagem a esta grande teórica e lutadora do movimento feminista e de mulheres”.
Heleieth Saffioti (foto) é conhecida internacionalmente como uma das mais importantes pesquisadoras feministas do país. “Seus estudos sobre a situação das mulheres no mercado de trabalho no Brasil, desde a década de 1960, são pioneiros na análise sobre as desigualdades entre mulheres e homens, as diversas formas de opressão e exploração no trabalho”, escreveu em nota Tatau Godinho, militante do movimento de mulheres e integrante do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo.
Autora de mais de 12 livros, Heleieth era professora aposentada de Sociologia da Unesp e do Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP. Nos últimos anos dedicou-se também ao estudo sobre a violência sexista, acompanhando de perto o problema no Brasil, com abordagem teórica sobre a violência de gênero e análise sobre as políticas públicas nessa área.
“Heleith buscou compreender os mecanismos profundos da exploração das mulheres no capitalismo, insistindo com veemência na relação estrutural entre capitalismo, patriarcado e racismo. Sem abrir mão de suas convicções e com sólida formação acadêmica, Heleieth renovava em suas análises as referências teóricas marxistas e a elaboração dos estudos feministas. Como ela sempre dizia, o nó que amarra classe, gênero e raça constroi as dinâmicas de desigualdade na sociedade contemporânea”, colocou ainda Tatau Godinho.
Com informações da Fundação Perseu Abramo