Europa: pobreza, desemprego e desconfianças
Três anos se passaram desde a explosão da crise global, um desde a crise da dívida europeia e o Velho Continente ainda não dá demonstrações de recuperação. Devido a essas causas, o aumento da pobreza, o elevado desemprego e as conseguintes desconfianças dos consumidores têm sido as principais consequências em 2010.
Publicado 14/12/2010 11:35
Segundo uma pesquisa da Comissão Europeia (CE), 75% dos habitantes dessa região considerou que a pobreza aumentou por causa da conjuntura recessiva, motivo pelo qual muitos têm tido dificuldades para pagar as contas do lar.
A percepção é maior no caso dos países que têm anunciado medidas de recorte da despesa pública, como Grécia ou Espanha, disse.
Na nação ibérica, aproximadamente 85% da população percebeu um aumento, enquanto 16% dos entrevistados reconheceu que o dinheiro mal lhes dá para terminar no mês.
Ao respeito, o comissário europeu de Emprego e Assuntos Sociais, Laszlo Andor, apontou que os gregos são os que mais consideram que esse mal social tem aumentado, sobretudo diante da notável redução da despesa pública.
A nação helênica é também onde mais cidadãos falam de um forte aumento da pobreza, com 74%, seguida pela România, com 65, Portugal 61 e Espanha com 60%.
Andor destacou que os temores pelo possível aumento da miséria também se exacerbam em países que ainda não têm colocado em prática medidas de ajuste orçamental.
Tanto de modo que em algumas das grandes potências da União Europeia (UE), como Alemanha, França ou Itália, a percepção do problema supera a média comunitária, disse.
Sobre o tema, o Escritório de Estatísticas da UE, Eurostat, revelou que as desigualdades entre as 27 nações integrantes do grupo se agravaram pela recessão.
Apontou que a região mais enriquecida da UE, o centro de Londres, é cerca de sete vezes mais rica que a de maior pobreza, Severozapaden, na Bulgária.
Também mostrou que a primeira tem uma renda per capita de 49 mil 100 euros, 334% da média do grupo, a diferença da segunda, onde o índice é de 26% da média, equivalente a uns seis mil 400 euros.
Indicou que as 20 zonas de piores dificuldades se localizam na România, Polônia, Hungria e Bulgária.
Enquanto isso, entre as de melhor situação encontram-se regiões da Alemanha, Holanda, Dinamarca e Reino Unido, evidenciando as grandes diferenças entre os países do leste e o oeste do bloco.
O certo é que a pobreza é qualificada pelos especialistas como uma marca que afeta a mais de 15% da população (ao redor de 80 milhões de pessoas).
Atribuem o problema ao baixo nível de educação, aos vícios e as infâncias complexas com acesso limitado aos recursos culturais, sociais e materiais.
Entender e assumir a responsabilidade coletiva, é a base para contra-arrestar o estado atual em que se encontram milhões de pessoas, sentenciaram.
Diversas Organizações Não Governamentais (ONGs) disseram que apoiarão as ações programadas para combater a pobreza e a exclusão.
A UE considera pobre àquele que vive com menos de 60% do salário médio do país onde reside.
Por isso, os números evidenciam a urgência de implementar políticas nacionais para reduzir a pobreza e criar emprego.
A Confederação Europeia de Sindicatos (CES) expôs que a debilidade do mercado trabalhista dos países da Europa oriental, começou desde a suposta abertura democrática às concepções neoliberais.
Argumentou que nesta região, não é suficiente ter trabalho para satisfazer as necessidades das pessoas e chamou a atenção sobre os gerenciamentos insuficientes de seus governos para solucionar os males sociais e econômicos.
Especialistas consideram que o elevado desemprego continuará impactando sobre a despesa do consumidor.
Opinaram que os números mostram um estancamento do Índice de sentimento econômico (ESI, por sua sigla em inglês), devido às preocupações em torno da situação econômica e, principalmente, pelo elevado desemprego.
Analistas da empresa de serviços financeiros Citigroup explicaram que com um nível de desemprego que não cai de 10%, um máximo de 12 anos, e com a implementação de severas medidas de ajuste em vários países da região, o consumo dos europeus permanecerá contido.
Além disso argumentaram que o número evidência a falta de oportunidades, de políticas de incentivo e das consequências em setores como o dos serviços e a construção, os que estão entre as principais fontes de emprego.
Reiteraram a urgência de desenhar melhores estratégias que demandem uma alta preparação e não com trabalhos mau pagos e de baixa qualidade, como ocorre em muitos casos
É importante um plano de educação bem articulado, com especial ênfase no desenvolvimento tecnológico que favoreça a difusão de inovações e a inserção em trabalhos produtivos, em especial para os jovens, um dos grupos populacionais mais afetados, acrescentaram.
Fonte: Prensa Latina