Bancários denunciam: novo gerenciador da CEF causa assédio moral
A Caixa Econômica Federal lançou um modelo de gerenciador de atendimento que constrange os empregados, segundo denúncias colhidas pelo Sindicato dos Bancários do Ceará, nas agências locais. Segundo os empregados, o gerenciado de atendimento está sendo implantado há cerca de 20 dias em algumas unidades e já causou muitos problemas, principalmente de assédio moral.
Publicado 01/12/2010 11:12 | Editado 04/03/2020 16:32
Denunciam os bancários que esse novo sistema, além da disputa, causa pressão sobrehumana aos trabalhadores negando o slogan da Campanha Salarial 2010 – “Pessoas em 1º Lugar”. A Caixa transferiu o chicote para os gestores das unidades, que aumentam a disputa visando terem bons resultados ao final do exercício e garantirem suas premiações, como viagens e brindes e medalhas no final do ano. O modelo é da empresa, mas os beneficiados são os gestores.
Pelo novo modelo de gerenciador de atendimento, o cliente não pode passar mais de 15 minutos para ser atendido, pois o novo sistema acompanha todos os atendimentos, e isso está provocando uma disputa entre as unidades da Caixa. Isso está provocando o nivelamento do atendimento, o que não é possível, uma vez que existem três tipos de atendimento nas agências da Caixa, que são CR – Caixa Rápido; CC – Caixa Comum e CP – Caixa Preferencial. Cada um desses tem um atendimento diferente, no entanto a pressão pelo cumprimento dos 15 minutos é nivelado para todos.
Os empregados denunciam que as pressões vêm desde a direção geral da empresa, passando pelos supervisores, gerentes, transformando o dia a dia numa grande competição. Mas, os empregados deixam bem claro que não só o formato do gerenciador de atendimento que provoca essa disputa, essa pressão, essa sobrecarga nos caixas executivos, mas o assédio dos gestores.
Os empregados se dizem tão pressionados desde a implantação do novo gerenciador de atendimento que estão adoecendo e teve casos já de diferença nos caixas, pois o trabalhador no desespero de cumprir o horário, o tempo mínimo de atendimento, pode incorrer em erro, para seu prejuízo.
O que é assédio moral?
O médico e professor doutor Álvaro Crespo Merlo (RS), destaca o assédio moral, como ameaça ao trabalhador. Para Merlo, os bancos são um dos piores exemplos que existem em se falando de violência no ambiente de trabalho, ocasionada principalmente pelo assédio moral. "O assédio moral está sendo usado como instrumento de gestão pelas empresas. Os funcionários são humilhados e forçados a um processo de mutação." O assédio moral, em casos extremos, pode levar ao suicídio, segundo o especialista.
"O avanço de modificações no modo de organizar o trabalho, nos modos de gerência, nas transformações que o taylorismo sofreu, ficando mais agudo e exigente, fizeram surgir as metas. Foram criadas demandas que as pessoas não dão conta no tempo necessário. O processo de mutação é outro importante fator que leva ao adoecimento: o trabalhador é pressionado pelos chefes a "funcionar" como uma máquina. A empresa diz ao trabalhador que ele é uma pessoa importante, que precisa dele. Entretanto, o funcionário sabe que, a qualquer momento, o colocam para fora de função na mesma hora".