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EUA tinham planos de invadir Portugal em 1975

A suspeita existia há anos entre os historiadores e era um dos aspectos obscuros do papel dos Estados Unidos durante a Revolução portuguesa (1974-76). Os Estados Unidos planejavam invadir as ilhas dos Açores, onde hoje têm uma base militar. O Departamento de Defesa tinha planos para ocupar as ilhas se o país escolhesse a via da revolução socialista.

A existência dos planos é revelada num memorando de conversação entre o secretário de Estado, Henry Kissinger, e o secretário da Defesa, James Schlesinger, em Janeiro de 1975.

Esse documento histórico foi desclassificado, publicado pelo National Security Archive e resulta de uma investigação do historiador William Burr, autor de um livro The Kissinger Transcripts, sobre as negociações do chefe da diplomacia estadunidense com a URSS e China, nos anos 1970.

Em 22 de janeiro de 1975, em um café na Casa Branca entre Kissinger e Schlesinger, Portugal era o primeiro tema de conversa, apenas dez meses depois da Revolução dos Cravos ter derrubado a ditadura de Salazar e Caetano, apoiada pelos Estados Unidos.

Kissinger comentou que era necessário ter “um programa” para Portugal. O motivo, segundo a ave de rapina da diplomacia americana era de 50 por cento de chance de perder a influência sobre o país e ver o país se libertar sob uma revolução socialista.

Na época, Kissinger disse que os Estados Unidos tinham "um plano de contingência para ocupar os Açores”. Apesar disso "estimular a independência dos Açores" – por essa altura a posição formal de Washington era de "neutralidade" quanto aos separatistas dos Açores.

A transcrição, breve, da conversa é feita por William Burr no blog do National Security Archive, com sede em Washington, associada à George Washington University, e que se dedica à desclassificação e divulgação de investigação histórica da História dos Estados Unidos.

Segundo Burr, os planos de contingência não são conhecidos e continuarão arquivados no Pentágono.

Da redação, com informações do Cubadebate de Público.pt