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PC do Chile convoca congresso do seu centenário

Em editorial publicado no último sábado, 20 de novembro, o jornal El Siglo, órgão central do Partido Comunista do Chile, comenta a convocação do 24º congresso do Partido, que está perto de completar um século de existência.

Que é um dos partidos comunistas mais antigos do mundo e também um dos mais antigos partidos políticos do país, é um fato. Por si só, isto constitui um mérito, na medida em que durante sua longa trajetória tem mantido apego e fidelidade a seus princípios essenciais.

É o caso do Partido Comunista do Chile, fundado por Recabarren há quase 100 anos que se completarão, falando estritamente, no ano de 2012. Mas também é certo que o PC se apresta a celebrar seu vigésimo quarto Congresso Nacional, em meados de dezembro, e esse congresso será indubitavelmente o que marcará a política do coletivo para os primeiros anos de seu novo século.

A história deste partido centenário se inicia sob ai inspiração e a inteligência de seu fundador, o operário tipográfico Luís Emilio Recabarren, em cuja personalidade e programa vital encontramos os elementos que o constituíram daquele momento até os nossos dias, passando por etapas e condições que puseram à prova a solidez de suas convicções e a fortaleza daqueles que, seus milhares de militantes através de um século, o encarnaram em suas irrepetíveis individualidades.

Efetivamente, desde o início se dá a feliz síntese feliz das formas, manifestações ou “momentos” que a luta de classes adquire, segundo o dizer de um dos clássicos, Friedrich Engels: a econômica, a política e a ideológica. Para responder a cada um desses requisitos, Recabarren desenvolve sua prodigiosa atividade nas esferas da organização dos trabalhadores no terreno sindical, no político e no ideológico. É assim que seu nome se vincula tanto às incipientes como às cada vez maiores organizações dos trabalhadores em luta por seu salário e por condições de vida; esforça-se e luta pela construção de um partido para a classe trabalhadora; e no terreno da luta ideológica seus esforços por elevar a consciência o levam a dedicar-se tanto à criação de uma verdadeira rede de jornais operários, como também à fundação e animação de grupos teatrais e toda forma de expressão cultural de sua classe.

Assim, como pôde, ou teve, Sartre que dizer que toda a história do pensamento humano desde a segunda metade do século 19 até nossos dias não foi senão um longo “diálogo com o marxismo”, seria arriscado ou impossível compreender nosso século 20 sem a presença dos trabalhadores e, com eles e em meio a eles, do Partido de Recabarren.

Qualquer olhada minimamente objetiva não poderá senão reconhecer essa presença, que não foi, é preciso que se diga, nem exclusiva nem excludente. Mas o certo é que assim como na formação e no fortalecimento de sindicatos, federações e centrais sindicais, a presença dos comunistas deixou marcas indeléveis, sendo necessário destacar o mesmo nos terrenos da arte e da cultura.

Nos campos da literatura, das artes plásticas e na música, na variedade de suas expressões, do teatro tanto no nível da dramaturgia como de seus esplêndidos intérpretes, da dança, da pesquisa e do cultivo de nosso folclore, da fotografia e da pesquisa histórica assim como na docência, estão as marcas dos que abraçaram o canal aberto há quase um século por Luís Emilio Recabarren e sustentado com fervor pelos que se esforçaram por sucedê-lo na multiplicidade de suas tarefas.

No terreno da política, compreendida em um sentido se não estreito ao menos “específico”, o Partido Comunista sempre esteve privado de condições nas trincheiras democráticas, brigando para ampliar os espaços dos direitos do povo, por sua participação e por alargar os canais da liberdade e os direitos de todas e de todos, com especial predileção pelos jovens, do que é expressão seu destacamento juvenil, a Jota, Juventudes Comunistas do Chile, em cujas fileiras militaram figuras eminentes de nossa história.
Mas se há outro traço que identifique este Partido que em breve celebrará seu Congresso Nacional nas difíceis condições de um Chile vilipendiado pela direita empresarial e suas estreitas pretensões, é sua adesão indestrutível ao direito a sustentar em suas mãos, e sua vocação de convidara a todos, a possibilidade certa de um futuro de respeito aos valores essenciais de nossa condição humana. Entre eles, de maneira destacada a defesa de uma utopia, a que se identifica com a felicidade de uma sociedade sem classes antagônicas e que em seu programa e em sua ação recebe o nome belo e impossível de manchar: socialismo.

O caminho é longo e belo; a meta, ao alcance dos esforços e vontade das maiorias.

É para isto que este 24º Congresso do Partido Comunista do Chile convoca.
Feliz Chile, século 21!

El Siglo
Tradução da Redação do Vermelho

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