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Portugal monta operação de guerra para receber cúpula da Otan

As delegações dos 48 países que participam da cúpula da Otan começaram a chegar nesta quinta-feira (18) a Lisboa para realizar três reuniões multilaterais que marcam uma nova fase, ainda mais agressiva para a Aliança Atlântica. O encontro na capital portuguesa — praticamente tomada pela polícia — reunirá os 28 membros da Aliança e outros 20 que fornecem tropas.

O presidente afegão, Hamid Karzai, foi um dos primeiros governantes a chegar — no sábado (20) será decidido o futuro da missão internacional em seu país. A cúpula de Lisboa pretende ainda acelerar a adaptação da organização a “novas exigências” do imperialismo, que incluem o ingresso de novos membros, a realização de “parcerias”, sua preparação para empreender novas ações intervencionistas e agressivas em diversas regiões do mundo. A cúpula decidirá ainda sobre uma “reestruturação econômica e administrativa”.

O novo "conceito estratégico" da Aliança deve ser aprovado na sessão desta sexta-feira (19). Para a presidente do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, que se encontra na capital portuguesa para participar das ações de protesto contra a cúpula, “o objetivo desse agigantamento da máquina de guerra é o mesmo que move o imperialismo, hoje como ontem: saquear os recursos naturais das nações e povos, controlar os mercados e exercer a dominação política”.

Repressão

Para garantir a segurança da cúpula, Portugal reforçou a vigilância policial na capital e os controles nos aeroportos e em sua única fronteira terrestre, com a Espanha, na qual praticou várias detenções e expulsões.

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras luso (SEF) informou que nas últimas 24 horas 82.552 pessoas foram "controladas" e 127 estrangeiros tiveram sua entrada impedida por motivos de segurança relacionados com a conferência.

O forte dispositivo de segurança empreendido pelas autoridades portuguesas perante a cúpula inclui dois blindados policiais, aviões de combate, uma fragata e cerca de dez mil efetivos, entre policiais, bombeiros, médicos e proteção civil.

A cúpula será realizada no Parque das Nações — um complexo de edifícios, centros de lazer e pavilhões construído para abrigar a Expo de 1998 —, que foi praticamente tomado pelas forças policiais.

A Feira Internacional de Lisboa, onde se reúnem os governantes, está isolada com cercas e arame farpado. Trabalhadores e clientes dos escritórios e comércios da região são identificados de forma rigorosa pela polícia, que fechou ao público boa parte dessa zona da capital.

As autoridades portuguesas estabeleceram ainda estritos corredores de segurança que vão causar grandes problemas de tráfego na capital, submetida a um desdobramento policial nunca visto.

“Paz Sim! Nato Não”

A Comissão Política do Comitê Central do PCP emitiu um comunicado onde apela ao povo português para que demonstre sua determinação e combatividade na luta pela paz participando na manifestação “Paz Sim! Nato Não!”. Em manifesto publicado no Jornal Avante, o PCP afirma que a cimeira da Otan significará novas ameaças e perigos contra os povos de todo o mundo.

O partido denuncia que a consolidação do novo conceito estratégico será um salto perigoso em relação ao papel, missão e objetivos da organização. “Com o novo conceito estratégico a Otan pretende alargar o domínio territorial da sua intervenção e projeção de forças a todo o globo; ampliar o âmbito das suas missões a questões como a energia, o ambiente, as migrações e as questões de segurança interna dos estados; reafirmar-se como bloco militar nuclear apesar da retórica do desarmamento nuclear; desenvolver ainda mais o complexo industrial militar e a investigação militar e exigir de todos os seus membros um aumento das despesas militares; incluir nas suas missões ações de ingerência direta e ocupação sob a capa de missões de interposição e manutenção da paz e levar mais longe a instrumentalização da ONU para prosseguir os seus propósitos e aprofundar o seu papel como braço armado do imperialismo”.

O candidato do PCP à Presidência, Francisco Lopes, fez uma declaração sobre política externa onde reiterou o compromisso de uma ruptura com a natureza do processo de integração europeia e com a atitude de submissão, de Portugal, ao imperialismo e à Otan.

“Em flagrante contradição com a aspiração do povo português de criar uma relação de amizade e de paz com todos os povos do mundo, uma vez mais, Portugal vai servir de palco nos dias 19 e 20 de novembro, em Lisboa, à Cimeira da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO). Uma Cimeira onde se pretende selar o acordo e compromisso quanto à possibilidade da intervenção da NATO em qualquer parte do mundo sob qualquer pretexto, onde e quando estejam em causa os interesses dos Estados Unidos, construído na base da instrumentalização do direito internacional e da ONU, como forma de branquear as ilegítimas e ilícitas ações agressivas deste bloco político-militar”.

A CGTP-IN, principal central sindical portuguesa e uma das promotoras da campanha “Paz Sim! Nato Não!”, também apela para a participação do povo na manifestação convocada para este sábado (20). Em comunicado, a CGTP-IN diz que “A campanha ‘Paz Sim, Nato Não!’, que a CGTP-IN integra desde a primeira hora, tem sido importante no esclarecimento, sensibilização e mobilização da opinião pública portuguesa para os perigos que representa este “ novo “ papel que a Otan pretende desempenhar na cena internacional”.

Da redação, com informações das agências