Senado presta homenagem ao centenário de Rachel de Queiroz
Na homenagem, o senador ressaltou a vida intensa e fecunda da escritora cearense.
Publicado 18/11/2010 11:29 | Editado 04/03/2020 16:32
Ao homenagear o centenário de Rachel de Queiroz, em sessão solene no Senado Federal, o senador Inácio Arruda saudou a primeira mulher a integrar a Academia Brasileira de Letras, ressaltando a vida “intensa e fecunda” da escritora cearense, que viveu 93 anos, mas com apenas 20 foi rapidamente reconhecida e aclamada por intelectuais do porte de Mário de Andrade Augusto Frederico Schmidt, Graça Aranha, Agripino Grieco e Gastão Cruls. “A petulância da juventude”, como chamara, a transformou numa romancista”, lembrou o senador.
Inácio citou passagens da vida de Rachel, quando, por exemplo, ainda muito nova, em 1927, escreveu uma carta ao jornal “O Ceará” usando o pseudônimo de "Rita de Queluz", ironizando o concurso "Rainha dos Estudantes", promovido por aquela publicação. Ainda sob o pseudônimo de Rita de Queluz, ela passou a colaborar no recém-lançado jornal de Demócrito Rocha, na página literária Modernos e Passadistas.
“Rachel sempre teve a preocupação em registrar o testemunho mais fiel possível do seu tempo e de sua gente, deixando ao leitor a tarefa de tirar as conclusões, disse Inácio, acrescentando que isso a motivou, entre outras coisas, a escrever seu primeiro livro, de repercussão nacional praticamente imediata: “O Quinze”. “Acreditava que a literatura sobre a seca produzida até aquele momento era insuficiente para captar o drama humano que conhecera tão de perto, ainda na infância, aceitando o desafio de deixar sua impressão”, registrou Inácio em seu pronunciamento.
A sessão solene em homenagem ao centenário de Rachel de Queiroz no Senado Federal foi uma iniciativa do senador Inácio Arruda, através do requerimento N° 256/2010, aprovado no plenário do Senado. Ele aproveitou a ocasião para distribuir com os presentes cópias do fac-símile manuscrito do livro O Quinze. O manuscrito foi disponibilizado por José Mindlin, presidente da Sociedade de Cultura Artística e colecionador de livros raros desde os treze anos de idade, além de ter sua publicação autorizada por Maria Luiza de Queiroz Salek, irmã da escritora.
Durante a sessão solene Rachel de Queiroz foi homenageada por vários senadores, entre eles o presidente da Casa e também imortal, José Sarney, dizendo: “Enquanto existir a literatura brasileira, a obra da escritora estará presente como um dos momentos mais importantes e mais extraordinários da inteligência do país. E também, enquanto eu viver, ela estará viva na minha memória”.
Representando a família de Rachel de Queiroz, a editora de suas obras, Maria Amélia Mello. Na ocasião foi distribuída a publicação “Letras”, editada pela Fundação Demócrito Rocha, especialmente para celebrar o centenário da escritora.
A comemoração do centenário de nascimento de Rachel de Queiroz, segundo o senador Inácio Arruda, é uma justa homenagem a esta mulher singular. “Que a nostalgia gerada por sua ausência no cenário intelectual brasileiro nos remeta, usando uma imagem de uma crônica da própria Rachel, a um cheiro de alfazema e mocidade”. E finalizou recorrendo ao poeta e acadêmico Manuel Bandeira, ao escrever o "Louvado para Rachel de Queiroz", em virtude do cinquentenário da escritora:
Louvo o Padre, louvo o Filho,
O Espírito Santo louvo.
Louvo Rachel, minha amiga,
nata e flor do nosso povo.
Ninguém tão Brasil quanto ela,
pois que, com ser do Ceará,
tem de todos os Estados,
do Rio Grande ao Pará.
Tão Brasil: quero dizer
Brasil de toda maneira
— brasílica, brasiliense,
brasiliana, brasileira.
Louvo o Padre, louvo o Filho,
o Espírito Santo louvo.
Louvo Rachel e, louvada
uma vez, louvo-a de novo.
Louvo a sua inteligência,
e louvo o seu coração.
Qual maior? Sinceramente,
meus amigos, não sei não.
Louvo os seus olhos bonitos,
louvo a sua simpatia.
Louvo a sua voz nortista,
louvo o seu amor de tia.
Louvo o Padre, louvo o Filho,
o Espírito Santo louvo.
Louvo Rachel, duas vezes
louvada, e louvo-a de novo.
Louvo o seu romance: O Quinze
E os outros três; louvo As Três
Marias especialmente,
mais minhas que de vocês.
Louvo a cronista gostosa.
Louvo o seu teatro: Lampião
e a nossa Beata Maria.
Mas chega de louvação,
porque, por mais que a louvemos,
Nunca a louvaremos bem.
Em nome do Pai, do Filho e
do Espírito Santo, amém.
Leia aqui a íntegra do pronunciamento do Senador Inácio Arruda em homenagem ao centenário de Rachel de Queiroz.
Fonte: Assessoria de imprensa do Senador Inácio Arruda