Lula diz que pretende trabalhar pelo fortalecimento da esquerda
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira (18) que quando deixar a Presidência vai trabalhar para fortalecer a esquerda brasileira. Lula participou nesta tarde da inauguração do Centro de Referência do Trabalhador Leonel Brizola, em Brasília, que leva o nome do ex-governador e ex-presidente do PDT, morto em 2004. O centro é um espaço de preservação da memória do trabalho no país.
Publicado 18/11/2010 20:54
Lula reconheceu que a tarefa não é fácil, mas disse que terá tempo para se dedicar a essa missão. Ele também afirmou que sua passagem pela Presidência o transformou em outro homem, com mais experiência e ciente do que se pode e não se pode fazer.
"Quando deixar a Presidência, me tornarei um outro homem, com muito mais experiência, mais sabedor do que é preciso ser feito, e vou trabalhar para formar uma força mais forte e homogênea que represente melhor a esquerda brasileira", afirmou Lula, ao lado do Ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi (PDT).
Lula declarou que acredita que a relação que manteve com os partidos durante os oito anos de mandato contribuiu para aumentar a confiança em seu trabalho. E, por conta disso, disse que se empenhará nessa união das esquerdas.
"Eu sei que essa coisas são mais fácies de falar do que fazer, mas eu vou ter disponibilidade para fazer".
Recentemente, Lula defendeu a formação de uma espécie de "frente ampla" reunindo os partidos de esquerda brasileiros.
Relacionamento com Brizola
Lula contou várias passagens de sua relação com Brizola e do PT com o PDT. Lembrou que, em 1989, quando ambos disputaram a Presidência da República, nas primeiras eleições diretas para o cargo após o fim da ditadura militar, Brizola teria pedido a Lula para que apoiasse o então senador Mário Covas (PSDB) na disputa. Lula se recusou e, após uma conversa com Brizola, o ex-governador voltou atrás e apoiou o petista.
"Quem acompanhou a relação entre PT e PDT e Lula e Brizola pela imprensa não sabe quantas coisas nós tínhamos em comum. Eu tive o prazer de ir ao Rio de Janeiro pedir para o Brizola me apoiar no segundo turno e eu fui avisado por um companheiro do PDT que o Brizola estava nervoso e que era preciso ter paciência porque se algum momento ele pegasse a minha mão, levasse até a janela e levantasse estaria sagrada a união".
Lula contou que, ao contrário do que ele esperava, Brizola propôs que ele retirasse a sua candidatura. Lula argumentou que não fazia sentido, porque ele tinha sido mais votado. Brizola disse que era verdade, que ele tinha razão, e que quem tinha mudado a história da Austrália tinha sido um sindicalista.
"Aí ele me contou toda a história do sindicalista e nesse momento eu senti que ele iria levantar a minha mão".
O presidente contou também que, em outra ocasião, Brizola sugeriu que PT e PDT se fundissem em um único partido. Lula, no entanto, disse ter argumentado a ex-governador que a criação de uma nova legenda traria dificuldades. “Uma fusão não é simples. Para isso, os partidos terão de passar por uma depuração. Muita gente vai ter que cair fora do PT e do PDT”, teria dito a Brizola.
Ele disse ainda que Brizola tinha "ressentimento" porque Lula não visitava o túmulo de Getúlio Vargas, apesar dos vários convites do pedetista. O presidente disse que em um dado momento acabou cedendo aos apelos do ex-governador. Diante do túmulo, Lula disse ter estranhado ao ver Brizola "conversando" com Getúlio como se ele estivesse vivo.
Brizola teria perguntado ao presidente se ele também não queria participar da "conversa". O presidente respondeu que não. O ex-governador teria então "apresentado" Lula a Getúlio. "Esse é o Lula. É um operário que nós vamos apoiar", disse Brizola. Lula disse que naquele momento pensou: "Esse Brizola transcende a minha compreensão".
Após a inauguração do Centro de Referência Leonel Brizola, Lula seguiu para a Base Aérea de Brasília, onde embarcaria para o Rio de Janeiro, para cumpre agenda nesta sexta-feira (19).
Centro de referência
O Centro de Referência do Trabalhador Leonel Brizola, inaugurado por Lula e Carlos Lupi nesta quinta-feira, conta com auditórios, área para estudos, biblioteca, sala informatizada para consulta digital e o Cine Trabalhador.
O espaço que tem como finalidade a preservação da memória do trabalho no Brasil, dando continuidade à produção de conhecimentos sobre o tema e sobre o papel do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) na história brasileira.
O centro de referência será um referencial sobre o trabalho e os trabalhadores do Brasil, oferecendo suporte a projetos e pesquisas. Estão disponíveis dois auditórios, uma área para estudos, uma biblioteca, uma sala informatizada para consulta digital e um Cine Trabalhador.
Entre os principais objetivos do Centro estão aumentar a produção do conhecimento histórico sobre o tema trabalho; dar sustentação aos trabalhos de projetos e pesquisas, fornecendo informações atualizadas; promover o intercâmbio de informações junto a outras instituições; e incentivar o acesso à informação e ao conhecimento como estratégia de alcance de oportunidades sociais e de trabalho.
O Centro de Referência do Trabalhador Leonel Brizola será aberto ao público diariamente e contará com calendário de visitação para atender escolas públicas e privadas.
Da redação,
com agências