Economia deve ter em 2010 o melhor desempenho dos últimos 25 anos
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta 5ª feira (4) que a economia brasileira deverá fechar 2010 com o melhor desempenho dos últimos 25 anos, crescendo entre 7,5% e 8%. Em matéria de desenvolvimento, este ano também será o melhor dos dois mandatos do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Publicado 04/11/2010 16:01
O desempenho parece deixar para trás a chamada “crise de desenvolvimento” que o país atravessou a partir da crise da dívida externa no início dos anos 1980, quando vivíamos sob o tacão da ditadura militar e a política econômica passou a ser ditada e monitorada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Nova fase?
O resultado foram mais de duas décadas perdidas. A taxa de crescimento do PIB caiu de uma média anual de 7% para pouco mais de 2% ao ano. A renda per capita (dada pela divisão do valor do PIB pela população) ficou estagnada. Adicionalmente, o povo ainda sofreu o flagelo da inflação sem controle, que depreciava diariamente o valor da moeda e corroia implacavelmente o poder aquisitivo dos salários.
Durante os governos neoliberais de FHC as coisas pioraram, malgrado a estabilidade monetária alcançada com o Plano Real. Não só o crescimento continuou medíocre, em torno de 2% ao ano, como a taxa de desemprego triplicou. O país enfrentou novas crises: cambial (1998-99 e 2002) e energética (com o apagão de 2001). Tivemos, ainda, o escândalo das privatizações. Crescentes saldos negativos no comércio exterior e em conta corrente levaram o governo a mudar a política cambial (em 1999) e entregar, uma vez mais, o comanda da política econômica ao FMI.
O governo Lula parece ter inaugurado uma nova fase no desenvolvimento da economia nacional. Há sinais de que o Brasil está reencontrando o caminho do crescimento sustentado, apesar das ameaças provenientes do câmbio e do crescente déficit nas contas correntes do balanço de pagamentos. O crescimento deste ano pode ser um marco neste sentido.
Reunião ministerial
As declarações do ministro da Fazenda foram dadas durante a reunião ministerial e informadas pela assessoria de imprensa do Palácio do Planalto. Assim que o encontro foi iniciado, o presidente Lula passou a palavra a Mantega, que fez uma explanação sobre o comportamento da economia brasileira.
A reunião também servirá para discutir os dois meses de conclusão de mandato, o processo de transição do governo e os impactos da medida adotada pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que decidiu comprar US$ 600 bilhões em títulos do Tesouro até junho de 2011 a pretexto de estimular o crédito e aquecer a economia. Boa parte desses recursos é canalizado pelos bancos para aplicações especulativas nos chamados mercados emergentes, inundando o mundo de dólares e provocando a chamada “guerra cambial”.
O encontro conta com a participação de 37 ministros, entre os quais dois secretários-executivos como representantes (Meio Ambiente e Previdência). O presidente do Banco Central viajou à Suíça e não participou. De acordo com a assessoria de imprensa, esta talvez seja a última reunião com todos os ministros do governo Lula.
Da redação, Umberto Martins, com Valor