Palestinos nunca reconhecerão Israel como Estado judeu
O chefe dos negociadores palestinos, Saeb Erekat, afirmou que Israel nunca será reconhecido como Estado judeu, conforme exigiu nesta segunda-feira (11) o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em troca de uma nova suspensão parcial da colonização do território palestino.
Publicado 13/10/2010 16:02
As declarações, divulgadas nesta terça (12) pelo jornal israelense "Haaretz", ecoam a reação de outros altos funcionários palestinos à fórmula apresentada ontem por Netanyahu em discurso diante do Parlamento de seu país.
Yasser Abed Rabbo, outro integrante da equipe de negociação e assessor do presidente Mahmoud Abbas, acusou o Executivo de Netanyahu de colocar empecilhos no caminho da paz com o objetivo de desestruturar o diálogo que ambas as partes iniciaram no dia 2 de setembro com a mediação dos Estados Unidos.
"Pedir aos palestinos que reconheçam Israel como Estado judeu a título de condição para deter a construção nos assentamentos e a lei de ''jurar lealdade'' (para obter a cidadania, aprovada pelo Governo no domingo) é sem dúvida uma forma de arruinar o processo de paz", disse Abed Rabbo à rádio "A Voz da Palestina".
O assessor acredita que "Netanyahu quer mostrar ao mundo inteiro que a política americana para conseguir a paz fracassou" e que o presidente americano, Barack Obama, e o Partido Democrata "perderam" as eleições legislativas de novembro, quando serão renovadas todas as cadeiras da Câmara dos Deputados e um terço das do Senado.
A liderança palestina rejeita aceitar Israel como Estado judeu ao considerar que já reconheceu o país com seu nome oficial há duas décadas. Segundo eles, concordar com a nova condição representaria adotar a narrativa sionista.
Além disso, os palestinos julgam que a legitimação poderia afetar o direito ao retorno dos milhões de refugiados palestinos e piorar a situação da minoria palestina com cidadania israelense, um quinto da população do país.
O reconhecimento de Israel como Estado judeu não foi uma exigência em acordos anteriores, enquanto a paralisação da atividade colonizadora é um compromisso firmado por Israel ao aceitar o "Mapa do Caminho", o plano de paz apresentado em 2003 pelo Quarteto de Madri (EUA, União Europeia, ONU e Rússia).
Israel decretou uma suspensão de 10 meses na edificação das colônias que só se aplicava ao território ocupado da Cisjordânia e continha outras isenções.
O processo de paz se encontra paralisado desde que, há cerca de duas semanas, o prazo da suspensão terminou. Na sexta-feira passada, a Liga Árabe deu prazo de um mês a Washington para que encontre uma fórmula para revitalizar o diálogo.
Da redação com agências