Lula e Kirchner terão dois encontros até final do ano

O primeiro encontro será nos dias 3 e 4 de dezembro, durante a Cúpula Íbero-Americana, na cidade argentina de Mar del Plata para discutir a inclusão social por meio da educação. No dia 17, Lula e Cristina Kirchner participam da Cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu (PR). Embora não haja reuniões marcadas pelas chancelarias brasileira e argentina, as duas cúpulas podem ser uma ocasião para encontros paralelos entre os dois presidentes.

O embaixador brasileiro na Argentina, Enio Cordeiro, disse que Lula e Cristina Kirchner já se encontraram mais de 40 vezes nos últimos oito anos. Essa agenda de aproximação bilateral deverá continuar, uma vez que a intensidade e amplitude dessa relação abrange todas as áreas da gestão governamental e requer, frequentemente, a atenção de presidentes e ministros sempre que há um novo fator a considerar.

"O importante é que esses encontros bilaterais não têm uma agenda repetitiva", disse o embaixador. "Essas reuniões sistemáticas fazem o monitoramento contínuo de projetos relacionados a setores estratégicos da cooperação entre o Brasil e a Argentina em áreas como a alta tecnologia, a TV digital, área energética, as indústrias de defesa naval, aeronáutica, especial e nuclear, além da relação comercial, econômica e financeira."

Cordeiro disse que se a agenda de Lula e Cristina Kirchner não permitir um novo encontro até dezembro é certo que a relação entre o Brasil e a Argentina receberá atenção imediata do novo governo brasileiro. "Seguramente, nos primeiros meses do próximo ano, o novo presidente ou a presidenta visitará os países vizinhos. A prioridade no relacionamento com a Argentina deve ser manifestada, de maneira emblemática. A presidenta Cristina Kirchner foi ao Brasil ainda na condição de mandatária eleita e logo depois voltou ao país, como presidenta empossada."

As reuniões de cúpula dos países ibero-americanos são sempre organizadas em torno de um tema específico. A cúpula de Mar del Plata, que reunirá Lula e Cristina Kirchner nos dias 3 e 4 de dezembro, terá como tema a inclusão social por meio da educação. Segundo o embaixador Enio Cordeiro, a educação é um dos grandes desafios não só do Brasil mas de todos os países ibero-americanos. "Apesar de o modelo constitucional do Brasil assegurar transferência de recursos para a educação, sobretudo a primária e a secundária, e também uma descentralização das atividades nesse setor, o que tem acontecido é uma situação bastante preocupante."

Enio Cordeiro disse que os números divulgados recentemente sobre a educação no Brasil mostram que há um percentual bastante elevado de analfabetismo no país, situação que requer ação urgente para corrigir a situação que leva à exclusão de oportunidades educacionais a um expressivo contingente de brasileiros. Dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) mostram que a taxa de analfabetismo entre pessoas com mais de 15 anos no país caiu de 11,5%, em 2004, para 9,7%, em 2009. Apesar da diminuição, no ano passado ainda existiam no Brasil 14,1 milhões de analfabetos.

"Uma geração de analfabetos significa, às vezes, duas gerações de falta de oportunidades, de desenvolvimento e de capacitação para que as pessoas possam participar de uma economia competitiva e de ter oportunidades de emprego adequado. Educação como instrumento de inclusão social é um dos assuntos mais sérios que se pode enfrentar."

Agência Brasil