Grécia: servidores marcam nova greve geral para quinta-feira
Os funcionários públicos gregos preparam uma paralisação de 24 horas para esta quinta-feira (6). A greve deverá atingir todos os serviços públicos, incluindo escolas e hospitais, em protesto contra as medidas de austeridade do governo.
Publicado 06/10/2010 14:21
A manifestação vai fechar postos do Fisco, escolas municipais e estaduais. Os hospitais públicos vão funcionar em esquema de emergência. Os controladores de tráfego aéreo vão participar com uma paralisação de quatro horas.
O governo social-democrata liderado por George Papandreou impôs severas medidas de austeridade, incluindo cortes nos salários dos funcionários públicos, redução nas aposentadorias e aumento de impostos, a pretexto de combater a crise da dívida externa que levou a Grécia à beira da falência em maio.
FMI
A verdade é que tais medidas foram impostos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e a União Europeia (UE) como condição para um pacote de ajuda no valor de 110 bilhões de euros cujo principal objetivo é livrar a cara e os lucros dos banqueiros, sobretudo alemães e franceses, maiores credores da Grécia.
Na segunda-feira, o governo estimou que poderia cortar o déficit fiscal do próximo ano para 7% do Produto Interno Bruto (PIB), índice “melhor” do que a meta estipulada pelo FMI e pela União Europeia, de 7,8%. Em 2009, o déficit orçamentário grego ficou em 13,6% do PIB.
As receitas impostas pelo FMI aprofundaram a recessão no país. O Produto Interno Bruto (PIB) da Grécia deve encolher em 2010 pelo terceiro ano consecutivo e o desemprego disparou para 11,8% no segundo trimestre.
Três anos de recessão
Ao capitular ao FMI, o social-democrata Papandreou faz o contrário do que o que deve ser feito para debelar a recessão e amenizar a crise do desemprego, ou seja, aumento, ao invés de redução, dos gastos públicos e, consequentemente, do déficit e da dívida. Foi o que o governo Lula fez no Brasil em 2009 para contornar a crise e estimular a recuperação econômica. E teve sucesso.
O FMI e não tem o objetivo de ajudar a criar emprego ou desenvolver o país, pelo contrário, visa economizar dinheiro para garantir o pagamento da dívida externa e impedir o caminho da moratória que, para os gregos, seria mais eficiente e menos doloroso, apesar de contrariar os interesses do capital financeiro.
No segundo semestre deste ano, o PIB grego contraiu 3,7% em relação ao ano passado. Em relação aos três meses anteriores, a queda foi de 1,8%. O consumo privado no segundo trimestre caiu 4,2%, invertendo a tendência observada entre janeiro e março, quando a despesa das famílias cresceu em 1,5%.
Luta de classes
O arrocho ditado pelo FMI e UE recai principalmente sobre os assalariados e, como consequência, acirra as contradições e a luta de classes no país. A renda dos trabalhadores recuou 3,9% em relação ao primeiro trimestre de 2009. Setores importantes da economia grega, como hotelaria, transporte e comunicações, registraram quedas de 10,8%. A construção civil diminuiu 19% e a indústria se contraiu 6,6%.
Neste ano a expectativa geral é de que o PIB caia mais uma vez. Será a terceira queda consecutiva. O nível de desemprego não para de crescer e a revolta da classe trabalhadora é mais do que compreensível. Cerca de oito greves gerais foram realizadas no país ao longo de 2010. Amanhã a nação helênica será sacudida por uma nova paralisação nacional, desta vez dos trabalhadores e trabalhadoras do setor público.
Da redação, Umberto Martins, com agências