Alice Portugal é a deputada federal mais votada na Bahia
Reeleita para a Câmara Federal pela terceira vez consecutiva, Alice Portugal (PCdoB) conversou com o portal Vermelho e fez uma breve análise do cenário político no estado diante do resultado destas eleições. A segunda mulher mais votada em toda Bahia (101.508 mil votos), atrás apenas da senadora eleita Lídice da Mata, Alice será a única representante feminina do estado na Câmara Federal. O desafio posto, portanto, é lutar para ampliar a participação das mulheres nos espaços de poder. Confira:
Publicado 05/10/2010 17:43 | Editado 04/03/2020 16:19
Vermelho – Como avalia o resultado das eleições na Bahia?
Alice Portugal – Nós tivemos uma grande vitória e a afirmação de uma nova forma de governar com a reeleição de Jaques Wagner com um índice expressivo de votos. E, obviamente, esse resultado denota o crescimento e a consolidação da democracia na Bahia. Por outro lado, é importante ressaltar que a renovação no Senado também demonstra essa votação democrática assumida pelo nosso estado e o fim de uma era de representações conservadoras, autoritárias e medíocres. Então, a eleição de Lídice, a primeira mulher senadora, e de Pinheiro, representante do núcleo do Governo Wagner, é também uma grande vitória para o povo da Bahia.
V – Qual será o foco agora neste segundo turno?
AP – Em relação à questão nacional, compreendemos que houve um processo de grande ataque ao governo e à candidata que representa o projeto do Governo Lula. Ataques de setores da mídia e, ao mesmo tempo, uma ação inversionista da candidatura do PV; não obstante Marina (Silva) seja uma mulher honrada, uma liderança inconteste, mas a sua candidatura, indiretamente, serve aos interesses neoliberais mais conservadores, porque coloca, no segundo turno, o representante de Fernando Henrique Cardoso e das grandes corporações que vêem, no Brasil, apenas uma fatia de mercado a ser explorada. Portanto, eu estarei colocando todos os esforços possíveis na eleição de Dilma Rousseff para a Presidência da República, na medida que reconheço que é um governo de frente, é um governo que teremos que lutar pelos interesses populares, mas é o que há de mais avançado na política nacional com possibilidade de vencer as forças conservadoras.
V – E quanto ao desempenho do PCdoB?
AP – O PCdoB cumpre sua meta com brilhantismo na Bahia, elegeu seus três federais e cresce em nível nacional, mas ainda não no nível necessário para a sua completa emancipação como força política em todo território nacional. Mas essa bancada eleita de 15 deputados, com certeza, lutará para essa afirmação do partido mais antigo em exercício no Brasil.
V – Principais desafios deste terceiro mandato?
AP – Esse terceiro mandato nasce de uma forma brilhante, com a afirmação de um diálogo com os movimentos sociais e com o movimento de mulheres; um mandato que nasce com uma profunda identidade com a capital baiana, que me acolhe como a quinta deputada mais votada entre todos os candidatos e a mais votada do PCdoB. Então, é um mandato que oferece, para o partido, um capital político que já era conhecido, mas que fica afirmado no resultado inconteste das urnas. Ao mesmo tempo, fortalece a união com o movimento social e ratifica essa ligação original e embrionária do PCdoB com as mulheres do nosso estado e do nosso país.
V – O que é preciso fazer para ampliar a representação feminina nos espaços de poder?
AP – Eu pretendo continuar a luta que iniciamos na Bancada Feminina nessa última legislatura para que o que foi aprovado em Lei seja, de fato, cumprido; para que as mulheres tenham um novo espaço nos partidos – e o PCdoB é uma exceção -, afirmando-se no exercício da sua cidadania. A Lei estabelece que 10% do tempo da propaganda partidária sejam destinados às mulheres, assim como 5% do Fundo Partidário seja alocado na formação de novas lideranças femininas, além da exigência no preenchimento dos 30% das cotas de mulheres nas candidaturas que, dessa vez, ainda não foi cumprida.
De Salvador,
Camila Jasmin