Policiais protestam no Equador contra reforma do governo
Um grupo de policiais iniciou protestos, nesta quinta(30), em diversas cidades do Equador, contra a Lei do Serviço Público, que corta alguns dos benefícios da categoria. O principal aeroporto da capital do país foi fechado pelos manifestantes, assim como a estrada que dá acesso ao local. Os soldados rebeldes tomaram o controle de bases em Quito, Guayaquil e outras cidades, lançando bombas de gás lacrimogêneo e queimando pneus.
Publicado 30/09/2010 13:45
Os manifestantes concentraram-se em quartéis e se recusaram a patrulhar as ruas em várias cidades do país. Diante do ocorrido, o presidente Rafael Correa foi até a base Quito 1 para tentar dialogar com os soldados. Em um primeiro momento, eles se recusaram a ouvi-lo, segundo o jornal local "El Universo".
Ainda de acordo com o jornal, Correa conseguiu falar às tropas de uma janela e usando um microfone. O presidente disse que foi o líder que mais trabalhou para conseguir melhorias para os soldados e policiais. Ele tentou explicar que a nova lei faz uma reestruturação total do serviço público, não estando dirigida apenas à Polícia Nacional, mas a todo o setor, a começar pela própria Presidência.
Um líder de esquerda, Correa disse aos manifestantes que não irá recuar nas reformas. "Se querem tomar os quartéis, deixar os cidadãos indefesos, trair sua missão como policiais, que o façam", disse Correa aos manifestantes.
"Este presidente não recuará um único passo", acrescentou ele, no poder desde janeiro de 2007. Informações da Telesur, contudo, dão conta de que, diante do cenário de violência – com os manifestantes lançando gritos, ofensas, pedras e gás lacrimogênico -, o presidnete teve que ser retitado do local.
"Que pena que os atores da pátria se comportem dessa maneira", disse Correa diante dos manifestantes que reclamam pela eliminação de bonificações econômicas, condecorações e outros benefícios. "A Polícia Nacional é o bastião da pátria e a temos apoiado", reiterava Correa.
De acordo com a Agência Estado, reportagens da imprensa equatoriana afirmam que os protestos nas sedes da polícia em Quito, contra a administração do presidente Rafael Correa, se espalharam por várias partes do país, mas que não há indícios claros de que os policiais ameacem derrubar o governo.
O correspondente da Telesur no Equador, Cristian Salas, assinalou que a situação é caótica nas imediações da base Quito 1 e existe forte congestionamento nas avenidas principais. Por sua vez, o ministro da Segurança Interna, Miguel Carvajal, assegurou confiar em que esta situação será resolvida o mais rápido possível. "Confiamos que esta situação, gerada pela desinformação dos oficiais, será solucionada. Contamos que tudo entrará em normalidade em poucos momentos", disse.
"Morte cruzada"
Mais cedo, Correa havia indicado que analisa a hipótese de dissolver o Congresso Nacional e convocar eleições antecipadas, já que os parlamentares vêm freando a promulgação de leis cruciais para o país. A informação partiu da ministra de Política, Doris Solís, depois de uma reunião com o presidente. Ele estudaria adotar um mecanismo, autorizado pela Constituição equatoriana, denominado “morte cruzada”, que lhe dá poderes de dissolver o Congresso quando há ameaças ao desenvolvimento do país, entre outras circunstâncias.
A última queixa de Corrrea em relação ao Congresso diz respeito justamente ao fato de o projeto de lei propondo a redução da máquina pública ter sido rejeitado pela maioria dos parlamentares. A decisão, na interpretação dos governistas, foi negativa porque impede que o governo defina uma série de ações.
As informações são da Agência Pública de Notícias do Equador (Andes). Ainda hoje está prevista sessão no Parlamento e o tema deve ser o principal assunto das discussões. O Congresso equatoriano é formado por 100 membros, eleitos diretamente, para um período de quatro anos. Os parlamentares representam quatro regiões distintas do país.
A “morte cruzada”, o mecanismo da Constituição que pode ser adotado por Correa, é considerada legal em casos de grave crise política, comoção interna e obstrução dos políticos a projetos de desenvolvimento do país.
Intenções golpistas
O ministro das Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño, declarou nesta quinta-feira que por trás dos protesto de pequenos setores policiais existem intenções golpistas. "Há setores golpistas que já identificamos, que em nosso entendimento estão preparando as intenções para isso”, disse Patiño à Telesul.
Patiño acentuou que a manifestação dos policiais é um ato de "insubordinação inaceitável” e assinalou que “não é raro que alguns setores acostumados a dar golpes neste país, tentem fazê-lo”. Patiño informou que o governo já sabe que existem setores de extrema direita que estão unido-se aos protestos dos policiais para criar cenários desestabilizadores.
Força Armadas leais a Correa
Em meio aos protestos de policiais, o chefe do comando das Forças Armadas do Equador, Ernesto González, garantiu que os militares estão subordinados à autoridade do presidente Rafael Correa.
"Estamos em um Estado de Direito. Estamos subordinados à máxima autoridade que é o senhor presidente da República", afirmou o chefe militar em um pronunciamento transmitido pelos meios de comunicação locais.
Com agências
Modificado às 15h para acréscimo de informações