Oficina desperta a dança em cinquentões
Aulas tentam redimensionar, de forma lúdica, o condicionamento físico
Publicado 21/09/2010 15:22 | Editado 04/03/2020 16:33
A produção artística, como resultante de experiências estéticas sensoriais, é o principal objetivo do Núcleo de Formação do Centro Dragão do Mar, que esta semana promove a oficina Dançando com Maiores de 50. A ação teve início ontem e segue até sexta-feira (24), entre 15 e 17 horas, no Sesc/Senac Iracema. A atividade é grátis e, segundo a aposentada Teresa Batista dos Anjos, “ensina a movimentar o corpo”.
Mais do que mero ensino de passos, as aulas tentam redimensionar, de forma lúdica e elementar, os condicionamentos físicos. Artesanato com argila, conversa e idas e vindas na frente do espelho fizeram com que Teresa esquecesse a realidade de casa. “Meu marido tem Alzheimer e há meses ele perdeu-se e não temos mais notícias. Tem sido uma tortura, mas durante essas duas horas, esqueci meus problemas”, contou. As amigas da aposentada, que moram na comunidade Poço da Draga, na Praia de Iracema, repetiam: “Ela não chorou nenhuma vez desde que entrou aqui”.
Principiantes em atividades artísticas, as senhoras estavam engajadas no propósito da oficina. Roupas de ginástica, tênis e até tiara no cabelo davam a consistência à seriedade da atividade.“Nós dançamos, brincamos e fizemos arte com argila. Temos que amolecer as pernas e os braços. Quando convidei minhas amigas, não pensei que seria tão bom. Nós relaxamos corpo e mente”, descreveu a líder do grupo de donas de casa, Maria Ivoneide Goes da Silva.
Busca por novos movimentos
A professora de dança contemporânea Eliana Madeira explicou que a intenção inicial ao promover a oficina foi formar um grupo de dança com maiores de 50 anos. “A oficina seria o primeiro passo para formar o grupo que, inicialmente, tinha até homens, porém, muitos dos inscritos desistiram”, afirmou. Eliana disse que é preciso tirar o estigma de “idoso parado”. “Muitos fazem da velhice a época do sedentarismo, e não é bem assim. Levantar um braço, sentar ou simplesmente caminhar devem ser atos encarados como movimentos”, explicou.
De acordo com a professora, o primordial é ensinar novas possibilidades de condicionamento. “Não ensinamos ações prontas, nós descobrimos, juntas, princípios e funções do corpo. Treinamos dinâmicas diferentes em outros ritmos. O importante é despertar algumas articulações que elas não têm”, analisou Eliana. Para ela, a primeira aula foi positiva, e algumas atividades, como arte em argila, ajudam a ativar o sentido do tato. “Elas precisam sentir o próprio corpo para poderem usá-los de forma adequada”, frisou.
O difundir da arte
O coordenador pedagógico do Núcleo de Formação, Enrico Rocha, disse que há previsão de mais 40 cursos a serem realizados. “O núcleo é um braço dedicado à formação em arte, oferecendo oficinas e seminários em mais de nove áreas. Nossa premissa é de que a arte não é pura espontaneidade, parte também de um conhecimento adquirido e do aprofundamento dos interesses”, definiu Enrico.
Toda a programação do núcleo é gratuita e as inscrições podem ser feitas através do site www.dragaodomar.org.br.
Fonte: Jornal O Estado