Esposa de patriota cubano apela a Obama pela liberdade dos Cinco

Elizabeth Palmero, esposa de Ramón Labañino, condenado a 30 anos, e um dos Cinco presos cubanos encarcerados nos EUA, expressou em entrevista ao Prensa Latina que tem esperanças que Obama, por sua origem e por sua preparação, pode fazer justiça nesta causa.

"Obama é afro-americano, confio que leve em suas raízes tudo o que tem sofrido essa comunidade ao longo da história desse país", assinalou Palmero.

Além do mais, disse, "ele, melhor que ninguém, talvez possa entender quando se trata de uma injustiça e de uma discriminação, porque é advogado. Como não compreender a arbitrariedade no caso dos Cinco?".

Comentou que tanto ela como suas duas filhas (Laura de 18 anos e Lizbeth de 13), regressaram recentemente de uma visita a Ramón, "que está agora na nova prisão que lhe atribuíram após a re-sentença em Miami, efetuada em dezembro".

Trata-se de uma penitenciária de média segurança em Jesup, estado de Georgia, "onde não está livre de perigos e riscos a sua integridade física, mas em menor medida que na de alta segurança de Kentucky, que era muito violenta", comenta Elizabeth.

Sobre seu colega na vida há mais de 20 anos, indicou que o encontrou "bem de saúde e com ânimo insuperável" e esclareceu que isto "é algo que caracteriza os Cinco, apesar de tudo o que têm passado e padecido em 12 anos de longa prisão".

Gerardo Hernández, Ramón Labañino, Antonio Guerrero, Fernando González e René González, foram presos o 12 de setembro de 1998 na cidade de Miami, onde tinham identificado grupos terroristas dedicados a organizar e executar ações criminosos contra o povo cubano.

“Penso”, afirmou, “que o espírito e convicção deles na vitória os faz ser eternos otimistas e os faz se sentir úteis à causa de sua liberdade e a todas as causas no combate contra o terrorismo".

Ao perguntar sobre o amor, com firmeza responde que "se mantém intacto no sentido extenso da palavra, ainda que em realidade hoje é mais forte, porque temos conseguido ir superando cada um dos obstáculos".

Enquanto fala, Elizabeth sorri em momentos, como recordando a cada minuto o homem que em um dia lhe soletrou: "Amada, supõe que me vou longe…", uma canção de Silvio Rodríguez que se converteu no hino de ambos.

E relembra o sucedido nessa única visita que pode fazer no ano. "Sim, tivemos alguns instantes para mimar-nos e desejar-nos um novo reencontro, apesar das limitações próprias daquela sala de encontro da prisão".

Ela descreve que o cabelo de seu Ramón "tem agrisalhado e as meninas se surpreendem, porque tem passado outro ano e se nota a passagem do tempo, que o marcam por estar em condições não precisamente favoráveis".

No entanto, "em nada tem diminuído seu impulso de ser jovem, que é um modo de enfrentar a vida", afirma e em seguida acrescenta que "alguns de nossos planos já se apagaram, por exemplo o de ter um varão".

"Isso já não pode ser pelo tempo, mas agora incorporamos um formoso propósito e é o de desfrutar os netos varões, que serão como esses filhos que ficaram como matéria pendente".

Antes de finalizar o diálogo, Elizabeth confessa que seu esposo guarda "outros sonhos" e enumera entre eles "o de poder abraçar ao Comandante em Chefe Fidel Castro e o de conversar com Hugo Chávez, a quem valoriza como paradigma da nova mudança na América Latina".

"Sonha também em apertar as mãos de cada um dos amigos de Cuba e o mundo que se uniram a esta causa e que batalham por fazer a liberdade que vem".

Mas "somos realistas e sabemos que isto dependerá de quão forte seja a força do movimento de solidariedade que segue crescendo de maneira incontrolável", destacou.

"Ainda que Ramón tenha pena perpétua confia que voltará à sua Pátria em algum dia. Na atualidade o fôlego dessa solidariedade que recebem os Cinco os faz pensar que esse sonho se fará realidade, quiçá antes do que tínhamos imaginado".

Fonte: La Prensa