Campanha no DF: Agnelo tem dois caminhos para vencer Roriz
A insegurança jurídica em torno da candidatura de Joaquim Roriz (PSC) ao Governo do Distrito Federal não é a preocupação da coligação Novo Caminho, que apoia Agnelo Queiroz (PT). Para o presidente do PCdoB-DF, Augusto Madeira, “não se pode esconder os fatos, porque são fortes e públicos, mas não se pode tornar o centro da campanha, porque tem que ser uma campanha propositiva, que mostre ao povo uma proposta alternativa para governar o DF. E a coligação tem muito a apresentar”, enfatiza.
Publicado 26/08/2010 14:45
Para o dirigente comunista, a coligação, que tem crescido nas pesquisas de intenção de voto, tem dois caminhos. Mostrar um novo jeito de governar – de respeito a coisa pública – e que está alinhado com a candidatura de Dilma Roussef (PT) à Presidência da República, enquanto Roriz apoia o Serra.
“São referências políticas que o Agnelo tem que mostrar. Aqui está a base do Lula, que fez o desenvolvimento com distribuição de renda e está com Dilma, que vai avançar nas conquistas”, diz, apontando como outro caminho político a apresentação de propostas de administrar o DF, diferente dos últimos governos no DF, que foram do Roriz e seus aliados do campo conservador.
Na avaliação de Madeira, Brasília vive um paradoxo, enquanto o Brasil cresce com distribuição de renda, o DF é o estado mais desigual, resultado de administrações desastrosas, de privatizações, e corruptas. “Os serviços públicos são muito ruins”, analisa, acrescentando que Agnelo Queiroz mostra as propostas para melhorar.
“A diferença entre os dois já começou a diminuir, o que revela que a mensagem já está chegando para os eleitores”, destaca Madeira. “E isso está ocorrendo logo no começo da campanha, portanto ainda temos bastante tempo para reverter a posição e ganhar a eleição”.
A última pesquisa eleitoral realizada pelo Datafolha, antes do início do horário eleitoral gratuito para o governo do Distrito Federal, mostra que o ex-governador Roriz (PMDB) mantém-se estável com 41% das intenções de voto. A pesquisa foi realizada após a candidatura de Roriz ter sido indeferida pelo TSE. Roriz é seguido por Agnelo (PT), com 33%, que cresceu seis pontos desde a última pesquisa em julho de 2010. Agnelo na pesquisa anterior tinha 27% das intenções de voto. A diferença de Roriz para Agnelo caiu de 13 para oito pontos percentuais.
Problemas novos e antigos
Mesmo sem se focar nas manobras do adversário, “de quem se pode esperar tudo”, o presidente do PCdoB-DF lembra que Roriz vive muitas dificuldades. A primeira delas é o pedido de registro de candidatura impugnada pela Lei da Ficha Limpa, por ter renunciado ao mandato de senador para não ser cassado. Ele estava sendo denunciado por corrupção no caso conhecido como “Bezerra de Ouro”.
Ele recorreu da decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF) para ser julgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que já se pronunciou, em outro caso, que a Lei da Ficha Limpa valerá para este ano.
Além disso, ele vive dificuldades de ordem política. Brigou com o candidato ao Senado na sua coligação, Alberto Fraga (DEM), e estão fazendo campanha apartadas. Esse elemento de divisão também fragiliza a campanha dele. Madeira conta que a briga entre os dois é fruto da crise administrativa que resultou no afastamento e prisão do ex-governador José Roberto Arruda (ex-DEM), que atribui a Roriz as denúncias contra o seu governo porque Durval Barbosa é ligado a Roriz. Fraga alegou que estava sendo hostilizado por apoiadores de Roriz. Na avaliação de Madeira, eles já tinham esse contencioso. Tentaram se unificar porque estavam fracos, mas a união era artificial e não se sustentou.
Roriz também tem sido alvo de denúncias recentes de irregularidades, como o uso de “laranjas” para esconder seu patrimônio e nova condenação na Justiça para devolver R$ 7 milhões de uma compra irregular de um aparelho para o Corpo de Bombeiros, além do pedido de indiciamento feito pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Distrital.
A Câmara Legislativa do DF pede na Justiça que sejam rejeitadas as contas dos últimos três governadores do Distrito Federal: Joaquim Roriz, Maria de Lourdes Abadia (PSDB) e José Roberto Arruda, que estiveram à frente do governo entre 2003 e 2009. Entre os supostos crimes que teriam sido praticados durante esse período estão formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, sonegação fiscal, crimes contra a ordem tributária, crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, além de lavagem de dinheiro e ocultação de bens. “Tudo isso vai revelando quem é o Roriz”, finaliza Madeira.
A campanha para as duas vagas do Distrito Federal para o Senado também está polarizada. A última pesquisa eleitoral realizada pelo Datafolha antes do horário eleitoral gratuito revela um empate técnico na disputa à segunda vaga para o Senado no Distrito Federal. Rollemberg (PSB) tem 30% das intenções de voto e Abadia (PSDB), 29%. Cristovam Buarque tem 44%, mantendo a liderança.
De Brasília
Márcia Xavier